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Análise: Favorito ao cargo, ministro das Finanças japonês seria premiê pragmático
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DA REUTERS, EM TÓQUIO
Após oito meses com um primeiro-ministro que parecia ter a cabeça nas nuvens, o Japão pode agora ficar sob o governo de um político mais pragmático, pronto para controlar a dívida pública, caso o ministro das Finanças Naoto Kan confirme seu favoritismo para assumir o cargo.
Como ministro da Saúde, Kan já havia se tornado conhecido por enfrentar a burocracia. Na pasta das Finanças desde janeiro, ele tem se revelado fiscalmente conservador e ocasionalmente crítico ao Banco Central.
São fatores que prenunciam um maior controle da dívida pública, que já equivale a cerca de 200% do PIB nacional. Investidores e muitos cidadãos deverão aprovar os ajustes econômicos, enquanto parlamentares que disputarão uma eleição para o Senado, provavelmente no mês que vem, podem ver com receio eventuais medidas impopulares.
Se virar premiê, Kan terá de aprender rapidamente a lidar também com questões diplomáticas, com a prioridade de manter as boas relações com os EUA e evitar atritos com a China.
O primeiro-ministro Yukio Hatoyama renunciou na terça-feira na esperança de que isso facilite a vida do seu Partido Democrata (PD) na provável eleição do mês que vem. Ele passou menos de um ano no cargo. Kan, veterano parlamentar que junto com Hatoyama fundou o PD há uma década, é o favorito para sucedê-lo à frente do governo.
"Ele é menos sonhador do que Hatoyama," disse Koichi Nakano, professor da Universidade Sophia, em Tóquio. "Ele é um homem comum, 'como a gente'" acrescentou, referindo-se à origem política de Kan em organizações comunitárias --ao contrário de Hatoyama, de origem rica.
Força política
Tendo acompanhado a crise grega como ministro das Finanças, Kan está entre os ministros mais empenhados em criar um plano fiscal de longo prazo para o Japão. Analistas dizem que ele terá força política para promover as reformas, mas que a dinâmica partidária pode atrapalhá-lo.
Ele é um dos poucos ministros, por exemplo, que propõem uma elevação do imposto sobre valor agregado, algo que o partido rejeita pelo menos até a eleição geral prevista para o final de 2013.
Kan parece ser o favorito também dos mercados de títulos. "Seria uma boa notícia para o mercado JGB (títulos do governo japonês), porque Kan é mais proativo a respeito da disciplina fiscal e a respeito de elevar o imposto sobre consumo do que qualquer outro ministro," disse Hirokata Kusaba, economista-sênior do Instituto de Pesquisas Mizuho.
Mas o próprio Kan não gosta de ser visto como um "falcão" dos gastos públicos. Além disso, ele tem talento para fazer declarações ambíguas, e pode deixar de lado o apego à responsabilidade fiscal se notar que isso renderá votos na eleição para o Senado.
Kan já fez críticas ao Banco do Japão (Banco Central) por sua relutância em atenuar a política monetária. Baixou o tom ultimamente, mas continua defendendo que o Banco do Japão mantenha sua meta inflacionária de 1%, valor em torno do qual o banco considera haver uma estabilidade de preços em longo prazo.
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