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12/06/2010 - 22h16

Venezuela manda prender dono de TV; cresce pressão contra imprensa no país

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DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

Os ataques e a pressão contra meios de comunicação, seus dirigentes e simples jornalistas foram notícia vindas da Venezuela nos últimos dias. Nesta sexta-feira, foi decretada ordem de prisão contra Guillermo Zuloaga, presidente da rede de TV privada Globovisión, muito crítica ao governo do presidente Hugo Chávez.

Hoje, o chanceler venezuelano, Nicolás Maduro, disse que seu país "não aceita chantagens", ao se referir às críticas internacionais que recebeu após a ordem de prisão de Zuloaga.

"Somos um Estado independente, felizmente, graças à revolução, ao comandante presidente Hugo Chávez e ao povo, e continuaremos defendendo a justiça, a independência e a transparência das instituições venezuelanas", acrescentou à rede estatal de televisão.

O chefe da diplomacia venezuelana insistiu que "nenhum organismo internacional, personalidade ou governo deve se intrometer nos assuntos internos venezuelanos, seja de suas instituições do Poder Judiciário, Legislativo, Eleitoral, Moral ou do Executivo, que tomam decisões autônomas em assuntos internos", insistiu.

Globovisión

Um tribunal de Caracas emitiu nesta sexta-feira uma ordem de prisão e fez uma busca na casa de Guillermo Zuloaga, presidente da rede de TV privada Globovisión, muito crítica ao governo do presidente Hugo Chávez, informaram fontes judiciais. O filho dele também teve a prisão determinada.

A procuradora-geral Luisa Ortega disse que Zuloaga é procurado por "usura" após ser acusado de guardar ilegalmente veículos novos para fins especulativos em 2009, acusações que ele alega terem motivação política.

A rede Globovisión mostrou imagens da polícia invadindo a casa de Zuloaga. Ele não estava no local, e não foi preso.

"É uma ordem para prendê-lo. Apesar de eles não terem o direito de entrar na casa, não temos nenhuma objeção que o façam", disse a advogada de Zuloaga, Perla Jaimes.

Zuloaga já tinha sido detido por algumas horas no dia 26 de março por criticar o governo de Chávez em uma conferência de executivos de imprensa em Aruba. A procuradora-geral disse que naquela época ele estava sendo investigado por possíveis crimes de dar falsas informações e ofender o presidente.

O mandado atual está supostamente ligado a um caso de 2009, no qual Zuloaga é acusado de "guardar ilegalmente" 24 carros Toyota novos para manipular seus preços, segundo fontes.

Durante a semana, Chávez advertiu para a situação do presidente da Globovisión: "Zuloaga disse que eu mandei matar pessoas e segue livre. Isto só ocorre neste país (...) mas não pode ser assim (...). Não vou discutir com este burguês, mas há um sistema que deve colocar as coisas no lugar".

A Globovisión é alvo de vários processos administrativos por parte do governo Chávez, que já ameaçou fechar a TV em várias ocasiões.

A emissora é comumente descrita como opositora ao partido de Chávez, fazendo críticas ao governo. É também o último grande canal da Venezuela a manter sua linha editorial.

Pressão

Uma emissora, a RCTV, foi tirada do ar em 2007 quando Chávez se recusou a renovar a concessão do canal após apoiar um fracassado golpe de Estado contra ele em 2002. Outras emissoras diminuíram o tom de sua oposição após o golpe para evitar represálias.

O governo tem aberto vários casos na Justiça contra políticos de oposição, levando alguns a deixar o país. Um crítico de Chávez, o veterano político Oswaldo Alvarez Paz, passou várias semanas na prisão este ano após acusar o governo de ter ligações com guerrilheiros das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) em um programa de entrevistas.

Horas antes de o mandado de prisão de Zuloaga ser divulgado, o jornalista venezuelano Francisco Pérez, com mais de trinta anos de carreira, foi desabilitado "política e profissionalmente" por três anos e nove meses por "ofensa" e "injúria" contra o prefeito governista de Valência, no norte da Venezuela, o qual acusou de nepotismo.

Pérez não poderá exercer sua profissão durante quase quatro anos devido a uma coluna escrita no ano passado, segundo uma decisão judicial que seu advogado classificou como tendo razões "mais políticas do que jurídicas".

Esta semana, a promotoria venezuelana decidiu também investigar o site de notícias Noticiero Digital por supostos "chamados a ignorar a institucionalidade", dias depois de o presidente Chávez acusar o veículo de difundir "incitações a um golpe de Estado".

 

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