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14/06/2010 - 02h30

"Governo argentino briga por sua conta", diz parlamentar das Malvinas

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GUSTAVO HENNEMANN
DE BUENOS AIRES

Os acordos assinados pela Argentina não têm valor nenhum, e o Brasil pode ser um parceiro na exploração de petróleo, segundo Glenn Ross, porta-voz e membro da Assembleia Legislativa das ilhas Malvinas, chamadas de Falkland pelo Reino Unido e pelos moradores locais.

O parlamentar conversou com a Folha por telefone, de Port Stanley, capital do arquipélago que nesta segunda-feira celebra 28 anos do fim da Guerra das Malvinas.

*

Folha - Esse é o pior momento das relações com a Argentina depois da guerra?

Glen Ross - Vem piorando de três anos para cá. É deplorável. Queremos viver pacificamente com nossos vizinhos. Somos um pequeno país democrático, que tem um governo e um orçamento autônomo, dependente do Reino Unido somente em questões de defesa. O governo argentino está tendo uma briga por sua conta. Nós temos um espírito independente e queremos, por nossa própria vontade, ser britânicos.

Folha - A ONU pede, desde 1965, que o Reino Unido se sente para negociar com a Argentina sobre as ilhas.

Ross - A soberania não é algo para ser negociado. E, do ponto de vista argentino, negociar é levar tudo. Os antepassados dos moradores das Falkland chegaram aqui há 170 anos. Minha família chegou aqui em 1842, sou a sexta geração. Historicamente, nós não expulsamos comunidades originárias. Há uma divergência sobre isso. E o fato é que os argentinos não são vizinhos amáveis com ninguém. Eu sou grato a cada gota de água que nos separa deles.

Folha - Há chances de se chegar a um acordo com a Argentina em relação à exploração de petróleo?

Ross - A oportunidade ainda existe. [Até agora] os argentinos são os únicos responsáveis pelo rompimento de acordos assinados entre nossos países. Qualquer tratado com a Argentina não vale o papel em que ele está escrito.

Folha - Se a Argentina não reivindicasse a soberania do arquipélago, a população teria vontade de ser independente do Reino Unido?

Ross - Nós somos muito pequenos, mas, se tivéssemos uma vizinhança amiga e que nos desse apoio, seria interessante poder cogitar isso. Infelizmente não podemos nem mesmo pensar nessa hipótese.

Folha - Existe alguma relação com países sul-americanos?

Ross - Temos relações com o Chile e com o Uruguai há muito tempo. Nos anos 70, tínhamos um ponto de escala marítima em um porto uruguaio. Hoje, há em torno de 200 chilenos instalados aqui. Dois deles são parte do nosso time de futebol.

Folha - E com o Brasil?

Ross - A plataforma de exploração de petróleo Ocean Guardian [que chegou na região em fevereiro] precisa ser reabastecida e nós estamos procurando opções de negócio no Brasil.

Folha - Como os moradores das ilhas fazem para viajar?

Ross - Nós temos um voo regular aos sábados para o Chile. Eu passo férias todos os anos em Santiago. Outra rota é para o Reino Unido, via ilha de Ascensão [outro território britânico].

Folha - Como vai ser a comemoração do aniversário do fim da guerra?

Ross - Não é exatamente uma comemoração. É um dia importante para nós, mas não é uma festa. Há cerimônias religiosas, seguidas de uma parada militar, com grupos de jovens, que marcham até o Monumento da Libertação.

 

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