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08/07/2010 - 20h33

"Não há vencedores nem vencidos", diz cubano que encerrou greve de fome de 135 dias

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DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

O dissidente cubano Guillermo Fariñas decidiu encerrar a greve de fome que mantinha há 135 dias, depois da confirmação de que Cuba vai libertar 52 prisioneiros políticos.

"Este confronto entre democratas e antidemocratas não tem vencedores, nem vencidos, só Cuba, nossa pátria, ganhou", disse Fariñas em um comunicado que seus colaboradores mostraram pelo vidro da sala de terapia intensiva da cidade central de Santa Clara, onde está internado.

"Até o fim do prazo dado pelas autoridades cubanas à alta hierarquia católica nacional, eu interrompo minha greve de fome e de sede", disse Fariñas no texto, dando a entender a possibilidade de retomar seu protesto, caso o governo não cumpra com seu compromisso.

Desmond Boylan-05mar.10/Reuters
Após mais de quatro meses em greve de fome, dissidente cubano encerra protesto com libertação de 52 presos políticos de Cuba
Após mais de quatro meses em greve de fome, dissidente cubano encerra protesto com libertação de 52 presos

O dissidente iniciou a greve de fome após a morte do preso político Orlando Zapata, como forma de exigir a liberdade de 25 opositores presos doentes.

Ele próprio teve sua própria saúde muito debilitada pela falta de ingestão de alimentos. Um médico informou no fim de semana passado que o dissidente cubano estava em "perigo potencial de vida" devido a um coágulo na veia jugular que complicou sua saúde.

O temor é de que o coágulo possa ir direto ao coração e daí aos pulmões, e provocar uma embolia pulmonar, o que pode levar a morte. Essa afecção é comum em pacientes que como ele recebe alimentação parenteral prolongada mediante cateter, já que os riscos de infecções no sangue aumentam.

Há três dias, o próprio Fariñas divulgou uma mensagem em que se dizia "consciente" da possibilidade de uma morte próxima, pela qual apontou Fidel e Raúl Castro como responsáveis.

Esta é a 23ª greve de fome do jornalista e psicólogo, Fariñas, 48, que já passou 11 anos na prisão. Ele considerava-se "um filho da revolução", já que seu pai lutou com Che Guevara no Congo, em 1965, e ele mesmo serviu na campanha de Angola, em 1981. Segundo o próprio, se tornou opositor em 1989, depois que o então popular general Arnaldo Ochoa, condenado por corrupção e narcotráfico, foi fuzilado.

LIBERTAÇÃO

O fim da greve de fome de Fariñas foi resultado da libertação de 52 presos políticos, em acordo entre o Arcebispado de Havana e o governo cubano.

Em comunicado divulgado mais cedo, a Igreja cubana informou que nas próximas horas serão libertados os presos Nelson Molinet, Claro Sánchez, José Daniel Ferrer García, Marcelo Manuel Cano Rodríguez, Ángel Juan Moya Acosta e Luis Enrique Ferrer García.

Todos os seis são presos detidos na Primavera Negra de 2003 e considerados como vítimas de perseguição política pela Anistia Internacional. Eles serão deslocados para prisões próximas a seus domicílios.

O governo de Cuba também informou ontem à Igreja Católica da libertação iminente de cinco presos políticos, cujas identidades não serão reveladas até o momento em que eles serão levados para a Espanha.

Os outros prisioneiros devem ser libertados gradualmente, dentro de quatro meses. Todos fazem parte do chamado "Grupo dos 75" --condenados a penas de até 28 anos de prisão na onda repressiva da Primavera Negra de 2003.

Esta decisão inscreve-se no diálogo aberto entre o regime cubano e a Igreja Católica e que foi respaldado e acompanhado pelo governo da Espanha, com a visita do ministro espanhol de Exteriores, Miguel Ángel Moratinos, à ilha com esse propósito.

Todos os opositores que forem libertados neste processo poderão ir para Espanha com suas famílias, se assim desejarem, como anunciou Moratinos na quarta-feira.

 

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