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28/07/2010 - 10h45

Oposição quer reverter veto e tornar tourada patrimônio cultural na Espanha

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DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

O conservador Partido Popular (PP) já articula uma manobra política para derrubar a proibição às touradas aprovada nesta quarta-feira, em votação histórica no Parlamento da Catalunha, na Espanha.

Segundo o jornal "El Pais", o presidente do partido, Mariano Rajoy, anunciou que vai apresentar moções no Congresso e no Senado nas quais pedirá ao Ministério de Cultura que reconheça as corridas de touro como patrimônio cultural espanhol --e determine assim a derrubada do veto.

Rajoy quer ainda que o governo apresente diante da Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) a proposta de transformar as polêmicas touradas um Patrimônio Cultural Oral e Imaterial da Humanidade.

Este tipo de patrimônio, segundo definição da própria Unesco, abrange as expressões culturais e as tradições que um grupo de indivíduos preserva em respeito da sua ancestralidade, para as gerações futuras. No Brasil, são considerados patrimônios as expressões orais e gráficas dos Wajãpi e samba de roda do Recôncavo Baiano.

Comparando as touradas com a caça, a pesca desportiva e até mesmo corrida de motos, Rajoy argumenta que o veto desrespeita a igualdade de todos por questões de identidade.

O PP, contudo, precisaria do apoio do Grupo Socialista no Congresso para conseguir instar o Executivo a proibir o veto à prática.

VOTAÇÃO HISTÓRICA

O parlamento catalão aprovou nesta quarta-feira com 68 votos a favor, 55 contra e 9 abstenções o decreto de proteção dos animais, que implica a proibição das touradas nesta próspera região do nordeste da Espanha, a partir de 2012.

O parlamento regional catalão decidiu dessa maneira aprovar uma Iniciativa Legislativa Popular (ILP) apresentada em dezembro passado pelos opositores das touradas, que consideram essa prática uma barbárie, convertendo-se na segunda região espanhola a proibir sua realização depois das Ilhas Canárias, em 1991.

A proibição não atinge os chamados "correbous", uma grande tradição catalã --neles, o touro é solto na rua e desafiado por pessoas, mas não é necessariamente morto ao final. Deixar os "correbous" de fora do projeto contra as touradas foi um passo essencial para aprovação da lei.

Os admiradores das touradas defendiam uma tradição cultural enquanto que os adversários reclamavam o fim da tortura contra os animais.

"As touradas são um espetáculo da tortura", afirmou o porta-voz do grupo verde Iniciativa Per Catalunya-Els Verds (ICV-EUIA), Francesc Pané.

Para a organização AnimaNaturalis trata-se de um primeiro passo para a abolição das touradas em todo o mundo.

"O caminho está traçado e continuaremos avançando também na América Latina em nosso objetivo: um mundo onde a cultura se fundamenta no respeito, compaixão e empatia, deixando muito longe a crueldade e o sofrimento dos mais fracos", afirmou o diretor internacional da entidade, o chileno Francisco Vásquez.

Esse foi um tema recorrente nos últimos dias na imprensa conservadora, que via na possível proibição uma vontade de revanche dos políticos catalães, depois de uma recente decisão do Tribunal Constitucional que retirou certos aspectos do estatuto de autonomia da região.

A liberdade de voto foi dada especialmente aos 37 parlamentares socialistas pelo presidente regional socialista José Montilla, já que um voto socialista contra a proibição, inicialmente, poderia sem dúvida garantir uma rejeição da ILP.

Mas os opositores à corrida, cada vez mais numerosos na Catalunha e apoiados por poderosas organizações internacionais de defesa dos animais, relembram que esta tradição está perdendo força na região, onde apenas a Praça Monumental de Barcelona continua a organizar touradas.

A votação aconteceu num contexto complicado para o setor 'taurino' na Espanha, que gera cerca de 40 mil empregos e bilhões de euros por ano, e que vem sentindo efeitos negativos desde 2009 por causa da crise econômica.

 

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