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29/07/2010 - 18h31

Vazamento de documentos afegãos põe vidas em risco, dizem EUA e Afeganistão

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DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

O vazamento sem precedentes de documentos militares secretos nesta semana sobre a guerra no Afeganistão poderá ter consequências potencialmente graves para as tropas dos Estados Unidos e seus aliados, além de custar vidas, disse nesta quinta-feira o secretário de Defesa norte-americano, Robert Gates.

Já o presidente afegão, Hamid Karzai, classificou o incidente de irresponsável e escandaloso, afirmando que isso coloca suas vidas em perigo. O jornal britânico "The Times" afirmou que, depois de apenas duas horas revisando os documentos, foi capaz de encontrar dezenas de nomes de afegãos que, segundo os arquivos, passam informações detalhadas para as forças americanas.

Em resposta à divulgação das informações pela organização WikiLeaks, Gates disse ter solicitado ao FBI que colaborasse na investigação criminal e apertou o cerco contra o acesso à área de informações sigilosas para reduzir o risco de uma outra fuga de relatórios internos.

"As consequências no campo de batalha depois do vazamento desses documentos são potencialmente graves e perigosas para as nossas tropas, nossos aliados, os parceiros afegãos, e podem danificar nossas relações e reputação naquela parte importante do mundo", disse Gates.

AFEGÃOS NA MIRA

"Meu porta-voz me disse que nesses documentos são revelados os nomes de alguns afegãos que cooperam com as forças internacionais", declarou Karzai, indagado a respeito durante uma entrevista coletiva em Cabul.

"É extremadamente irresponsável e escandaloso porque, independente dessa agente que aja legitimamente ou não ao dar informações às forças da Otan, isso envolve vidas. E essas vidas agora estão em perigo", denunciou.

"Devemos examinar o contexto em que são mencionados esses nomes, e atuar em consequência. É um assunto muito grave que nos preocupa", acrescentou, insistindo em medidas necessárias para proteger os afegãos que informam às forças estrangeiras arriscando suas vidas.

O "Times" deu como exemplo um documento de 2008 que incluía uma entrevista detalhada com um combatente taleban, que planejava desertar.

O homem, que dá nomes de comandantes talebans e se refere a outros potenciais desertores, aparece identificado por seu nome, assim como seu pai e seu povoado. O que não se especifica é se, por fim, ele desertou.

Em outros documentos, alguns afegãos passam informações sobre os talebans. Em um relatório de 2007, um alto dirigente acusa personalidades do governo de corrupção.

Os documentos também revelam os nomes de mediadores, que facilitaram encontros entre talebans desejosos de entregar as armas, além dos locais e datas das reuniões com esse objetivo.

HISTÓRICO

O Pentágono criticou energicamente a publicação, no domingo, desses arquivos secretos sobre a guerra no Afeganistão, afirmando que colocava em perigo a vida de informantes afegãos e podia prejudicar o trabalho dos serviços secretos.

O Exército americano abriu formalmente na terça-feira uma investigação criminal sobre o vazamento dos milhares de documentos.

O fundador do site Wikileaks, por sua vez, defendeu a divulgação dos documentos que revelam, segundo ele, que a coalizão internacional pode ter cometido "crimes de guerra".

"Quem tem que decidir se se trata de um crime ou não é um tribunal. No entanto, à primeira vista, dá a impressão de que há provas de crimes de guerra nestes documentos", afirmou Julian Assange em uma entrevista coletiva à imprensa.

No total, 92.000 documentos foram divulgados pelo WikiLeaks com detalhes inéditos da guerra no Afeganistão retirados dos arquivos do Pentágono e de relatórios nos teatros de operações que vão de 2004 a 2010.

 

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