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02/08/2010 - 20h06

Pior enchente em 80 anos mata 1.200 no Paquistão e aumenta pressão sobre governo

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DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

Instituições de caridade islâmicas, com supostas ligações com militantes, entraram em cena nesta segunda-feira para oferece ajuda aos paquistaneses atingidos pelas piores inundações no Paquistão em 80 anos. Com isso, também aumenta a pressão sobre o governo, altamente dependente de ajuda internacional e com um péssimo histórico em gerenciamento de crises --seja combater insurgentes Taleban ou amenizar os constantes cortes de energia elétrica.

Inundações afetam 2 milhões e matam ao menos 1.200 no Paquistão
Cruz Vermelha diz que inundações já atingem 2,5 milhões de pessoas no Paquistão
Enchentes no Paquistão matam mais de 1.200 e aumentam temor de epidemias

Adrees Latif/Reuters
Mulher carrega ajuda humanitária, distribuída pelo Exército, em área atingida por enchentes no norte do Paquistão
Mulher carrega ajuda humanitária, distribuída pelo Exército, em área atingida por enchentes no norte do Paquistão

As enchentes que atingem o Paquistão forçaram cerca de 2 milhões de moradores a deixarem suas casas e deixaram ao menos 1.200 mortos, segundo estimativas do Comitê Internacional da Cruz Vermelha. Já a ONU (Organização das Nações Unidas) estimou em 980 mil as pessoas que perderam suas casas ou foram desabrigadas pelas inundações.

De acordo com Anwer Kazmi, porta-voz da Edhi Foundation, a maior associação de caridade do país, ao menos 1.256 pessoas morreram. O distrito de Swat, que já registrou 475 mortos, teria sido o mais afetado.

"Você pode imaginar o quanto estão preocupados conosco quando o presidente viaja para Londres, apesar de pessoas estarem morrendo e centenas de milhares estarem desabrigados", criticou o fazendeiro Ghulam Hussain.

O presidente Asif Ali Zardari chegou a Paris no domingo à noite e viaja amanhã para Londres, para uma visita oficial de cinco dias ao Reino Unido.

GRUPOS ISLÂMICOS

Entidades islâmicas que supostamente têm ligações com militantes podem conquistar apoio se seus esforços compensarem, como fizeram após um terremoto na Caxemira, em 2005, ter matado 75 mil pessoas.

Equipes de resgate enfrentam dificuldades para distribuir ajuda a dezenas de milhares de pessoas ilhadas em áreas inundadas, às quais o acesso foi dificultado por estradas e pontes destruídas.

Salmanh Shahid, porta-voz da Fundação Falah-i-Insaniat (Fundação para o Bem Estar da Humanidade), disse que o grupo islâmico criou 13 campos de suporte e seis de assistência médica, e que doze ambulâncias estão oferecendo tratamento de emergência. Vários outros grupos islâmicos também ajudam com os esforços de emergência.

Acredita-se que a Falah-i-Insaniat tenha ligações com a entidade Jamaat-ud-Dawa, que o Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas) baniu em dezembro por supostas ligações com o Lashkar-e-Taiba (LeT), grupo acusado pelo ataque na cidade indiana de Mumbai.

"Somos o único grupo a oferecer comida cozida para as pessoas ilhadas e aquelas à beira da estrada", disse Shahid, da sede do grupo, em Lahore. "Nossos voluntários estão retirando as pessoas do local."

ANÁLISE

Alguns analistas expressaram dúvidas sobre se os grupos islâmicos e seus braços militantes poderiam capitalizar apoio em cima do desastre porque teriam sido enfraquecidos por ofensivas do Exército.

Outros afirmam que os campos islâmicos abrem um precedente perigoso. "É bem provável que eles vão explorar o vácuo político, em meio a essa tragédia, para abastecer seu próprio recrutamento", disse a colunista Huma Yusuf.

Situação semelhante aconteceu após o terremoto de 2005 na Caxemira, disse ela, quando grupos extremistas ganharam imensa popularidade após seus esforços de emergência.

O Paquistão combate insurgentes da Al Qaeda e do Taleban no noroeste.

ESTRAGOS

As autoridades esperam que o número de vítimas aumente, já que a previsão do tempo é de mais chuvas fortes como as que atingiram o local na semana passada.

Segundo fontes oficiais, mais de 29.500 casas foram danificadas e uma estrada importante de ligação com a China foi bloqueada pela enchente.

Autoridades dizem que ainda é muito cedo para estimar os estragos causados na economia, mas que a região mais afetada é o principal centro agrícola em Punjab.

"Toda a infraestrutura construída nos últimos 50 anos foi destruída", disse Adnan Khan, porta-voz da autoridade local para desastres de Khyber-Pakhtunkhwa.

 

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