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14/08/2010 - 11h13

Limpeza de cenas de crime vira negócio em Ciudad Juárez, no México

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DA EFE, EM CIUDAD JUÁREZ

O aumento da violência em Ciudad Juárez, na fronteira do México com os Estados Unidos, levou as empresas de limpeza tradicionais a incluírem entre seus serviços sangrentas cenas de crimes, e algumas cobram uma média entre US$ 200 (R$ 354) e US$ 300 (R$ 530) por caso.

Em Ciudad Juarez, foram registradas 1.800 mortes violentas, enquanto em 2009 o número foi de 2.635 e de 1.607 um ano antes.

Alguns funcionários dessas empresas confessaram que a falta de emprego na cidade, considerada a mais violenta do México, os levou a aceitar um emprego "mal remunerado" e no qual enfrentam cenas "dantescas" em algumas ocasiões.

Um deles, que preferiu omitir seu nome por motivos de segurança, declarou que passou de limpar casas de famílias a outros trabalhos "mais desagradáveis, porque agora temos que limpar sangue, recolher restos humanos, massa encefálica e desinfetar áreas onde foram cometidos assassinatos".

"Uma vez limpei o quarto de um motel onde foram mortas quatro pessoas, para que pudesse ser usado no dia seguinte. Usamos máscaras e, mesmo assim, o cheiro era insuportável", lembrou.

O funcionário define essas experiências como "uma coisa espantosa". "Nessa ocasião fizemos de tudo: desde limpar manchas de sangue seco até retirar massa encefálica do teto e das paredes", conta.

TODO TIPO DE LUGAR

Já o jovem Andrés, de 17 anos, que trabalhava em um lava-rápido, lembra com horror do dia em que teve que limpar um carro onde três jovens foram assassinados.

"Esse foi o último dia que trabalhe lá", disse.

O mesmo acontece com as pessoas que se dedicam à limpeza de locais de lazer, hotéis ou casas, que jamais imaginaram que limpar os cenários de tiroteios seria parte de seu trabalho.

Na cidade fronteiriça mexicana assassinatos e massacres acontecem em todo tipo de lugar, que devem ficar impecáveis para continuar sendo utilizados por seus proprietários como se nada tivesse ocorrido.

Mas não são só limpadores profissionais os que enfrentam tais situações. A dona de casa Angélica, 46, não esquece o dia em que teve que sair para limpar o sangue em frente a sua casa depois que três homens fossem assassinados no local.

"Não queria que meus filhos vissem o sangue no dia seguinte. Depois que levaram os corpos, tive que limpar a rua com água e sabão", lembrou.

FALTA DE OPÇÃO

Ao contrário de outras cidades, em Ciudad Juárez não há equipes especializadas em desinfetar cenas de crime. Por isso, a única opção dos familiares das vítimas é contratar empresas de limpeza tradicionais para fazer o trabalho.

Essa nova faceta "jamais será uma opção para ganhar a vida ou algo visto como um negócio", mas "se um cliente chega e nos solicita, não nos podemos negar", explicou a administradora de uma dessas empresas.

Várias companhias do setor consultadas --que não divulgam o serviço, mas podem fornecê-lo--, se negaram a informar seus preços para limpar as cenas do crime, apesar de outras terem calculado o custo médio em entre US$ 200 e US$ 300.

"É preciso avaliar as condições no lugar para poder fazer um orçamento", explicou um supervisor da empresa Servi Max, que assegurou que "esse tipo de cotações são feitas pessoalmente e não por telefone".

A maioria não oferece a limpeza após um assassinato, mas não nega quando é solicitada, disse uma fonte da empresa Multiservicios del Norte.

 

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