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23/08/2010 - 08h15

Praga anuncia plano para remover moradores de rua do centro da cidade

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GUSTAVO MONGE
DA EFE, EM PRAGA (REPÚBLICA TCHECA)

Uma iniciativa da Prefeitura de Praga pretende criar abrigos periféricos aos moradores de rua para removê-los do centro da cidade, medida que gerou polêmica na capital da República Tcheca, um dos destinos turísticos mais importantes da Europa.

Estimativas indicam que há cerca de 3.500 pessoas que vivem nas ruas, sem moradia fixa em Praga. Segundo Jan Kadlec, da organização beneficente Nadeje (Esperança, em português), atualmente a cidade tem 700 leitos para moradores de rua e outros 350 seriam criados no novo projeto.

A iniciativa, que a Prefeitura pretende iniciar em um prazo de seis meses, não obrigará os moradores de rua a irem para o acampamento, mas os assistentes sociais terão de aplicar meios de pressão para que as instalações sejam usadas.

"A intensidade do controle aumentará até que se deem conta de que ali terão maior tranquilidade", sustentou o vereador de Assuntos Sociais de Praga, Jiri Janecek, sem especificar quais seriam.

"As pessoas que não quiserem colaborar em sua volta à vida normal ou aqueles que hoje não têm ninguém que se ocupe deles" serão transferidos para os abrigos, afastados do centro de Praga, disse Janecek.

A Administração de Praga prevê três locais para os futuros abrigos: no distrito industrial de Malesice, ao leste da capital; no distrito de Dablice, ao norte; e na Cidade do Sul, onde existe a maior concentração de construções de concreto.

Um dos planos da Prefeitura é ainda usar um antigo navio, com capacidade para 250 pessoas e que permanece atracado no rio Moldova, para abrigá-los.

O projeto não agradou os habitantes desses distritos. "Não me agrada nem um pouco", indicou o subprefeito de Praga 15, em Malesice.

Já o subprefeito de Praga 11, Dalibor Mlejnsky, opina que "o lugar assinalado não é adequado, pois se trata de uma zona muito povoada".

Milos Kolbinger e Jana Nagy, dois eslovacos que vivem da esmola no centro de Praga, afirmam não ter necessidade de sair dali. Ela está há três anos na rua e ele há dez.

A comida e a roupa que usam eles encontram nas lixeiras dos supermercados. A cada dois dias, eles passam pelos centros de atendimento de organizações beneficentes, onde tomam banho e recebem refeições quentes. Os dois dormem em uma tenda num parque de Barrandov, próximo à estação ferroviária de Smichov, e compartilham moradia com outros tchecos, um eslovaco, um ucraniano e um polonês.

"Não acho que o façam. Como removê-los? Além disso, só vão comer e depois voltarão para cá. Entendo que os sem-tetos venham ao centro da cidade", declarou à Efe Nagy, que ocupa junto a seu companheiro um banco de pedra na Avenida Nacional, repleta de turistas, até que a polícia os desloque a outro lugar.

A proposta de instalar os moradores de rua vem à tona durante a pré-campanha eleitoral às eleições municipais de 15 e 16 de outubro, na qual os conservadores buscam usar esse assunto como uma de suas principais bandeiras políticas para não perder votos em seu tradicional bastião.

 

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