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09/09/2010 - 11h57

Ministro francês rebate críticas e diz que mantém expulsão de ciganos

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DE SÃO PAULO

O ministro de Imigração francês, Eric Besson, afirmou nesta quinta-feira que o Parlamento Europeu "ultrapassou suas prerrogativas" ao exigir que a França interrompa a expulsão de ciganos e disse que o país não mudará sua política.

"Está descartada [a hipótese] de que a França suspenda as reconduções aos países de origem, sejam romenos, búlgaros ou outros cidadãos", afirmou Besson, que está em Bucareste, na Romênia, justamente para tentar justificar a política francesa.

O ministro, que viajou ao lado do secretário de Estado de Assuntos Europeus francês, Pierre Lellouche, defendeu que esses procedimentos se ajustam ao direito. "A França aplica o direito europeu, respeita a lei republicana francesa e as decisões judiciais", justificou.

O Parlamento Europeu exigiu nesta quinta-feira que o governo francês "suspenda imediatamente" a expulsão de ciganos e expressou oficialmente sua "profunda preocupação" com esta política.

Com 337 votos a favor, 245 contra e 51 abstenções, o Parlamento aprovou a resolução proposta por socialistas, liberais, verdes e comunistas que censuram a política de Sarkozy e critica a "tardia e limitada" reação da Comissão Europeia. A votação é mais um golpe contra o presidente Nicolas Sarkozy, que enfrenta impopularidade recorde em meio ao escândalo de doações ilegais da herdeira da L'Oréal e de oposição em massa da população a seu mais importante projeto de governo, a reforma do sistema de aposentadoria.

O Parlamento adverte que este tipo de política alimenta o racismo e as ações dos grupos de extrema direita.

Besson disse que, embora o Parlamento mereça respeito, excedeu suas prerrogativas e "nós não temos que nos submeter a este ditado político". "Não vamos mudar nossa escolha", disse.

Em paralelo, Lellouche denunciou "a enorme bolha de hipocrisia na França e nos seus parceiros europeus" ao culpar Paris "por um problema que não foi tratado por dez anos e sobre o qual fomos os primeiros a dizer: A Europa tem que se mover".

Besson e Lellouche devem se reunir com o primeiro-ministro romeno, Emil Boc, o ministro do Interior, Vasile Blaga, e o ministro de Relações Exteriores, Teodor Baconschi.

EXPULSÃO

O governo francês mandou cerca de mil ciganos de volta à Romênia e à Bulgária nas últimas semanas, como parte de medidas de combate ao crime e sob uma proposta de imigração. Sarkozy ligou os ciganos ao crime, chamando os campos em que alguns deles vivem de fontes de tráfico, exploração de crianças e prostituição.

Em 2009, 10 mil romenos e búlgaros foram levados para seus países, segundo as autoridades francesas, no que Paris considera um programa de repatriação voluntária.

Cerca de 400 mil pessoas, 95% delas francesas, fazem parte da comunidade cigana na França. O restante é formado por ciganos de origem búlgara, romena e de outros países dos Bálcãs, cujo número aumenta constantemente, segundo o governo. Calcula-se que haja 15 mil ciganos em situação irregular na França.

Como tanto a França como a Romênia são membros da União Europeia, seus cidadãos podem viajar livremente entre os dois países e permanecer legalmente por até três meses --o que dificulta o controle sobre a minoria. Mas os governos também podem, legalmente, mandar cidadãos para outros países da UE se eles não conseguem encontrar trabalho ou se sustentar.

Há entre 10 milhões e 12 milhões de ciganos na União Europeia, a maioria vivendo em circunstâncias de calamidade, vítimas de pobreza, discriminação, violência, desemprego e habitação precária. Cerca de 1,5 milhão vivem na Romênia, um país de 22 milhões de habitantes, que tem a maior população de ciganos na Europa.

As expulsões promovidas pelo governo de Sarkozy foram criticadas por várias instituições, como a Igreja Católica e a ONU (Organização das Nações Unidas), e até mesmo alguns membros do governo e do partido político de Sarkozy demonstraram preocupação.

Na mais dura crítica, o líder cigano da Romênia Iulian Radulescu comparou nesta quarta-feira Sarkozy ao ditador romeno pró-Nazismo, marechal Ion Antonescu. Antonescu deportou 25 mil ciganos da Romênia para a região soviética de Trans-Dniester em 1942. Cerca de 11 mil ciganos morreram após terem sido deportados da Romênia. Não há números precisos sobre os ciganos mortos durante o Holocausto, mas segundo o Museu Memorial do Holocausto nos EUA, foram entre 220 mil e 500 mil.

Apesar das críticas, o governo está convencido de que todo este tema fortalece Sarkozy frente às eleições presidenciais de 2012, após o escândalo sobre as doações ilegais da mulher mais rica da França, Liliane Bettencourt, herdeira do grupo L'Oréal, à campanha do presidente em 2007.

COM AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

 

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