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ONG diz que 238 crianças deficientes morreram em orfanatos na Bulgária em dez anos
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DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS
Um estudo da ONG Comitê de Helsinque divulgado nesta segunda-feira aponta que 238 crianças portadoras de algum tipo de deficiência morreram em orfanatos e abrigos da Bulgária na última década, a maioria vítima das más condições higiênicas, da fome e de doenças.
"Os dados supõem 25 mortes de crianças a cada ano entre 2000 e 2010. Pelo menos 75% destas mortes poderiam ter sido evitadas", disse Margarita Ilieva, vice-presidente da ONG.
Segundo ela, foi comprovado que as crianças não morreram por sua condição física e sim por "coisas que ninguém deveria vivenciar". "O que queremos não é retribuição e sim prevenção".
O relatório se baseia em uma inspeção realizada em 23 centros sociais públicos de todo o país, que abrigam atualmente 1.300 crianças e jovens. A ONG relata ainda casos de maus tratos por parte dos funcionários dos abrigos e episódios de abusos sexuais entre os próprios jovens.
Segundo o estudo, 31 crianças morreram de fome e outras 84 de exaustão. Duas morreram vítimas de violência.
"Nos centros sociais para crianças incapacitadas continua sendo habitual a desnutrição, as pressões e a tortura psicológica. As crianças são amarradas a camas e cadeiras de rodas, além de tranquilizantes perigosos que são administrados", disse Ilieva, acrescentando que durante as inspeções foram descobertos mais de cem crianças desnutridas que correm risco de morte.
A ONG denunciou que as terríveis condições de miséria e higiene em todos os centros favorecem a contínua aparição de doenças infecciosas, entre elas a hepatite, que também contribuem para a alta mortalidade entre as crianças.
No ano passado, o comitê processou o governo por sua relutância em investigar alegações de abuso em orfanatos para crianças portadora de deficiências. Sob pressão, a Procuradoria Geral da Bulgária abriu uma investigação sobre 166 dos casos denunciados pelo Comitê de Helsinque, nos quais diz haver evidências suficientes de negligência criminal.
Segundo a Procuradoria, alguns dos responsáveis pelos centros serão acusados de assassinato negligente, danos físicos e abuso sexual. Em cerca de 80% dos casos, as autoridades não foram notificadas das mortes.
Duas décadas depois da queda do regime comunista, a Bulgária ainda luta contra o legado de maus tratos a crianças com necessidades especiais, normalmente vistas como um problema e isoladas em instituições públicas.
Atualmente, segundo ativistas dos direitos humanos, 1.350 crianças com deficiência estão internadas em instituições do Estado, sem nenhuma chance de adquirem independência.
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