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Sucessor de líder das Farc tentará levar grupo "ao extremo terrorista"
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FLÁVIA MARREIRO
DE CARACAS
A morte de Jorge Briceño, o "Mono Jojoy", pelas Forças Armadas da Colômbia, provocará incertezas nos escalões médios e baixos das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), reforçando o apelo do chamado de Bogotá à deserção.
Essa é a opinião de Jairo Libreros, especialista em segurança e professor da Universidade Externado de Colômbia. Ele não espera desmobilização em massa da guerrilha, que ainda tem estimados 8.000 homens na selva.
Libreros afirma que a baixa de Jojoy, o "quadro militar mais importante das Farc" em termos históricos, deve dar espaço a seu irmão, Granobles, da ala mais dura do grupo. "Ele vai tratar de levar a guerrilha ao extremo terrorista", afirma.
Folha - O que representa a morte de Mono Jojoy?
Jairo Libreros - Historicamente, Mono Jojoy é o mais importante quadro militar das Farc. Ele teve a ordem de Manuel Marulanda, o líder histórico das Farc que morreu em 2008, para criar um exército potente.
Com um exército de camponeses famintos e mal treinados, pôde controlar grandes partes de território até o começo da década. Grande parte da capacidade militar destrutiva das Farc até 2002 se deve a Jojoy.
Mas, então, chega uma segunda etapa, na qual Mono Jojoy perdeu muito espaço político, com a chegada de Álvaro Uribe ao poder. Ele teve de se internar na selva, estava isolado, perdeu muito espaço para Alfonso Cano.
É um golpe vital para o Estado colombiano, um impacto midiático que produz um efeito de coesão nacional em torno do governo. Mas não terá o mesmo efeito nas Farc.
As Farc têm consciência de que não era Jojoy que tomava todas as decisões militares.
Quem vai tomar o lugar de Mono Jojoy como líder militar da guerrilha?
Ganha importância nas Farc seu irmão Granobles [Germán Suárez Briceño], que aparentemente está em Arauca (norte) e se move na fronteira da Colômbia com a Venezuela. Segundo todos os informes de inteligência de que se tem conhecimento, é ele que vai tratar de reivindicar uma liderança tanto militar como política. Ele é a ala mais dura, militar, e vai tratar de levar a guerrilha ao extremo terrorista.
Em termos tático-militares, qual o efeito?
Não será tão relevante. Porque há anos, por decisão do secretariado, as frentes das Farc têm autonomia para tomar decisões, pois as comunicações ficaram complicadas com o avanço da inteligência colombiana com ajuda dos EUA.
O governo reforçou o chamado à desmobilização das Farc. Que efeito terá?
Terá efeito entre escalões baixos e médios, para quem esse tipo de golpe traz mais incerteza. Não para os tomadores de decisão. Alfonso Cano também está encurralado, há quatro meses está sob forte perseguição. Esperava-se a baixa dele antes da de Jojoy.
Houve um efeito de fracionamento das Farc, que estão rumando para serem pequenos exércitos guerrilheiros-terroristas. Creio que pode haver desmobilização de facções, mas não em massa.
Há espaço político para o diálogo condicionado proposto por Santos?
Esse é o momento de aumentar os canais de comunicação. Aproveitar esse momento crítico das Farc. Os momentos de grandeza política são quando os presidentes estabelecem pontes de interação. Aos inimigos não se deve fechar as portas de saída digna. Há que se abrir essa porta para acabar o conflito.
Que significa essa baixa nas Farc para o governo Santos?
É o batismo de Santos na Presidência na questão militar -ainda que como ministro tenha desferido golpes importantes contra as Farc. Estabelece a sensação de que a segurança democrática é uma política de Estado, que transcende governos.
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