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Padre cria polêmica ao fundar "polícia mirim" na Argentina
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GUSTAVO HENNEMANN
DE BUENOS AIRES
O grupo marcha, faz exercícios e veste colete à prova de balas sob as ordens de um comandante, como um pelotão policial. A diferença é a faixa etária: de 9 a 14 anos.
Formada por 45 crianças, a "polícia mirim" da cidade argentina de Esquel, na Província de Chubut, foi criada em janeiro passado pelo capelão da polícia local.
Aos sábados, os integrantes se reúnem em um ginásio da polícia para receber treinamento de oficiais e realizar atividades esportivas e artísticas sob a orientação do capelão, padre Adrián Mari.
O objetivo, segundo o perfil do grupo no Facebook, é que as crianças "encontrem seu policial interior". Além de fotos, o site disponibiliza vídeos com as atividades da "polícia mirim".
"Eles se conhecem, brincam e aprendem, sobretudo coisas sobre família, amizade, vocação e a vida. E, com isso, vão aprendendo o que é ser policial. Se Deus quiser, com o tempo, pode surgir alguém que deseje estar a serviço da comunidade", diz o padre em um dos vídeos.
As crianças também visitam delegacias, mas não exercem nenhuma "missão policial", segundo o padre.
Divulgado anteontem pela imprensa argentina, o projeto recebeu críticas de entidades de defesa dos direitos humanos e de educadores.
A polícia de Chubut disse que o padre não tem aval da instituição para realizar o trabalho. O governo da Província anunciou que afastará Mari da função de capelão e que investigará o caso.
Em Esquel, pais dos "policiais mirins" protestaram ontem contra o governo e pediram que o projeto continue.
Para a socióloga da Universidade de La Plata Patricia Redondo, a "polícia mirim" de Esquel não é uma iniciativa isolada ou um fato curioso. Mas reflete o pensamento de parte da população, que aposta na disciplina e na militarização para resolver problemas sociais do país.
"Todos rechaçaram publicamente a atitude do padre, mas é difícil acreditar que ele possa ter reunido essas crianças sem que alguém [do governo] tenha percebido."
A Folha tentou contato com o padre Mari, mas ele não atendeu o telefone.
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