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Sharon volta ao olhar público em exposição em Tel Aviv
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MARCELO NINIO
DE JERUSALÉM
Quase cinco anos após sofrer um derrame e entrar em coma profundo, o ex-premiê israelense Ariel Sharon volta ao olhar do público.
Prostrado de pijama azul em uma cama de hospital, ligado a um soro, a cabeça ligeiramente erguida, aquele que foi um dos políticos mais controvertidos e temidos do Oriente Médio tem os olhos entreabertos e ar pensativo.
A cena, seguida de um angustiante som de respiração artificial, faz parte de uma exposição que provoca polêmica já antes de sua abertura, na quinta, em Tel Aviv.
O artista israelense Noam Braslavsky, autor da escultura em tamanho natural de Sharon, não esconde que a intenção seja mexer com as emoções do público.
"Sharon é um nervo exposto na sociedade de Israel, que ativa todo um espectro de emoções sobre o que é ser israelense", disse.
Convidados para a abertura, os filhos de Sharon descartaram comparecer. E deixaram claro seu desgosto pelo hiper-realismo do artista.
"Respeito a família, mas Sharon faz parte da história de Israel. Cinco anos depois, permanece um tabu. Desapareceu sem morrer", disse ele.
Sharon, 82, sofreu um derrame cerebral em janeiro de 2006, quando estava no poder. Os médicos não conseguiram recuperá-lo, e ele encontra-se desde então em estado vegetativo.
Como chefe militar, ministro em várias pastas e premiê, a vida de Sharon muitas vezes se confundiu com a história de Israel. Foi acusado de crimes de guerra pelo mundo árabe, mas terminou a carreira como um dos políticos mais populares do país.
Se não chega a ser uma versão mumificada do político, como era comum nos países comunistas, o objetivo do artista é recriar esse tipo de experiência, simulando uma despedida que nunca houve.
Para alguns, porém, trata-se de puro mau gosto. "Não era assim que eu gostaria de me lembrar dele", disse Raanan Guissin, assessor e amigo de Sharon.
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