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Fariñas dedica prêmio a Orlando Zapata e aos "mártires" da democracia em Cuba
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DA EFE
O dissidente cubano Guillermo Fariñas, agraciado nesta quinta-feira com o prêmio Sakharov 2010 do Parlamento Europeu, dedicou a distinção a Orlando Zapata, o preso de consciência morto na prisão após uma greve de fome, aos "mártires" pela democracia e ao povo cubano.
"Este prêmio não é de Fariñas, mas do povo cubano", disse em conversa telefônica com a agência Efe a partir de seu domicílio na cidade central de Santa Clara.
Alejandro Ernesto/Efe | ||
Fariñas voltou para casa após mais de quatro meses internado por ter feito greve de fome em protesto pela libertação de presos |
Fariñas confessou que recebeu o Sakharov com um sentimento de "tristeza" porque, para chegar a este momento, Orlando Zapata precisou morrer e "ocorreram coisas muito horríveis entre os cubanos".
Por este motivo, quis dedicar o prêmio em primeiro lugar a Zapata e a "todos os cubanos que morreram pela democracia", entre os quais destacou Pedro Luis Boitel, que morreu em 1972 na prisão Castillo del Príncipe, após uma greve de fome de 53 dias.
Fariñas disse considerar que a concessão do Sakharov representa um novo reconhecimento à dissidência interna, ao exílio cubano e aos presos políticos que ainda estão em prisão e agradeceu que os democratas europeus sigam tendo presente e não esqueçam a luta destes grupos pelas liberdades em Cuba.
Fariñas é o terceiro opositor cubano que recebe, em menos de dez anos, o prêmio Sakharov do Parlamento europeu, concedido em 2002 ao dissidente Oswaldo Payá e em 2005 às Damas de Branco.
GREVE DE FOME
O psicólogo e jornalista independente de 48 anos protagonizou uma greve de fome de mais de quatro meses após a morte de Zapata. Ele entrou em colapso em 11 de março e, após isso, passou a receber nutrientes e líquidos por meio intravenoso em um hospital em sua cidade natal, Santa Clara, 270 km a leste de Havana.
Fariñas, que já iniciou 23 greves de fome contra o regime castrista, voltou para casa após mais de quatro meses internado. Ele encerrou a greve de fome em 8 de julho, um dia após o governo prometer soltar 53 dissidentes presos, em um acordo negociado com a Igreja Católica.
O prêmio chega poucos dias antes de os chanceleres dos países-membros da União Europeia revisarem a chamada "posição comum" em relação a Cuba, que condiciona o marco de relações com Havana a avanços em matéria democrática.
Fariñas disse ainda que a UE deve felicitar o governo de Cuba pelo processo de libertação de presos políticos empreendido este ano, mas considera que o gesto é ainda "insuficiente" para levantar essa posição comum.
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