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03/11/2010 - 13h29

Líder republicano promete corte de gastos e revisão da reforma da saúde de Obama

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DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

O líder da bancada dos republicanos na Câmara dos Representantes dos EUA e seu provável futuro presidente da Casa, John Boehner, destacou nesta quarta-feira a redução dos gastos do governo federal como o principal assunto na pauta do Congresso no ano que vem, um dia depois de seu partido ter ganhado controle da Casa.

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Boehner prometeu ainda lutar para rever a reforma da saúde, uma das principais vitórias do governo do presidente Barack Obama, qualificando-a de "monstruosidade".

"Está muito claro que o povo americano quer que façamos alguma coisa sobre o corte de gastos aqui em Washington e ajudemos a criar um ambiente em que consigamos os empregos de volta", disse Boehner a repórteres.

Para o líder republicano, o resultado do pleito é uma prova de que "a agenda Obama-[Nancy] Pelosi [atual presidente da Câmara] foi rejeitada". "É um mandato para que Washington reduza o tamanho do governo."

###CRÉDITO###

Os republicanos conquistaram pelo menos 60 cadeiras nas eleições desta terça-feira (2) e terão uma maioria sólida na Casa no ano que vem, na qual se prevê que Boehner assumirá a presidência.

Num momento em que o deficit orçamentário do último ano alcança US$ 1,29 trilhão, o equivalente a 8,9% do PIB (Produto Interno Bruto) dos EUA, os eleitores clamaram por um governo menor e menos custoso.

J. Scott Applewhite/AP
O republicano John Boehner, provável novo presidente da Câmara dos Representantes, fala após vitória nas eleições
O republicano John Boehner, provável novo presidente da Câmara dos Representantes, fala após vitória nas eleições

Os republicanos prometeram controlar os gastos do governo. Em setembro, os republicanos haviam dito que sua primeira medida seria fazer com que os gastos do governo federal voltassem aos níveis de 2008.

Ao mesmo tempo, os republicanos vêm pressionando por maiores reduções de impostos do que o presidente Barack Obama deseja. Isso poderia aumentar ainda mais a dívida do governo federal do que as propostas dos democratas relativas a cortes nos tributos.

Durante seus comentários aos repórteres nesta quarta-feira, Boehner se recusou a detalhar quais os cortes nos gastos que buscará. Quando lhe perguntaram qual a principal despesa que cortaria, Boehner apenas respondeu: "Tomaremos muitas decisões nos próximos meses".

OBAMA

Obama ligou já na madrugada desta quarta-feira para Boehner para discutir como encontrar "pontos em comum" sob a nova Casa de maioria republicana.

Obama terá agora que negociar com a oposição para avançar sua agenda de reformas. Segundo comunicado da Casa Branca, Obama disse a Boehner que "espera trabalhar com os republicanos para encontrar pontos em comum, fazer o país avançar e alcançar conquistas para os americanos".

O presidente também ligou para o líder da bancada republicana no Senado, Mitch McConnell, e para Pelosi, que conseguiu a reeleição na Califórnia.

AP
O presidente dos EUA, Barack Obama, telefona ao futuro presidente da Câmara de Representantes, John Boehner
O presidente dos EUA, Barack Obama, telefona ao futuro presidente da Câmara de Representantes, John Boehner

A assessoria de Boehner descreveu a ligação do presidente como "curta mas agradável". "Eles discutiram como trabalhar juntos para tratar as prioridades dos americanos, que na opinião de Boehner são criar empregos e cortar os gastos governamentais", afirma um comunicado divulgado pelo gabinete do líder republicano.

Em jogo não está apenas a liderança na Câmara dos Representantes, que tem o poder de definir a agenda de votação. Inclui também as dezenas de comitês que avaliam os projetos de lei antes de incluí-lo no calendário de votação.

DERROTA DEMOCRATA

Antes mesmo de encerradas as apurações, as eleições legislativas deste ano nos EUA já se configuram como o maior avanço de um partido opositor na Câmara dos Representantes em mais de 62 anos, com os republicanos recuperando ao menos 60 assentos na Casa e impondo dura derrota aos democratas do presidente Barack Obama.

O avanço republicano, que ainda pode se mostrar maior conforme as apurações mais acirradas forem concluídas, superam em 21 cadeiras o necessário para a esperada reconquista da maioria na Câmara dos Representantes, antecipando sérias dificuldades para Obama na Casa nos seus próximos dois anos de mandato.

Até a manhã desta quarta-feira, a oposição já obtivera 239 dos 435 assentos em jogo --a totalidade da Câmara. Os democratas tinham 185, e outros 11 vagas ainda estavam indefinidas.

O avanço da oposição supera em seis assentos a chamada "revolução" das eleições legislativas de 1994, quando os republicanos obtiveram a maioria pela primeira vez em 40 anos, e é o maior desde 1948, quando conquistaram 75 cadeiras, segundo a agência de notícias Reuters.

No Senado, a oposição também avançou, mas não o suficiente para reconquistar a maioria. Até esta manhã, os republicanos haviam elevado sua bancada em seis assentos, chegando a 46 das 100 cadeiras da Casa --apenas 37 estão em jogo. Os democratas tinham 51, e três assentos ainda estavam indefinidos.

SENADO

No Senado, o destaque ficou com Nevada, onde Reid venceu após semanas de incerteza na disputa com a queridinha do ultraconservador Tea Party, Sharron Angle. A derrota de Reid seria muito simbólica do crescimento dos republicanos, e principalmente do Tea Party, nas eleições deste ano. Democratas contaram ainda com crucial vitória em Virgínia Ocidental.

David Becker/AFP
A candidata derrotada ao Senado por Nevada é abraçada por apoiador; democrata Harry Reid obteve a reeleição
A candidata derrotada ao Senado por Nevada é abraçada por apoiador; democrata Harry Reid obteve a reeleição

Em mais um movimento importante, os republicanos da Flórida (Marco Rubio) e do Kentucky (Rand Paul) tornaram-se os primeiros candidatos apoiados pelo Tea Party a ganhar cadeiras no Senado, garantindo a entrada de visões mais conservadoras na casa. Outra queridinha do Tea Party, a republicana Christine O'Donnell, perdeu a corrida pelo Senado em Delaware e Sharron Angle perdeu o Senado em Nevada.

O Tea Party é um movimento populista de extrema-direita, motivado pela oposição aos impostos, à elevação do gasto público e à reforma migratória.

ESTADOS

Em um ano onde a palavra de ordem foi descontentamento, os republicanos reverteram ainda o equilíbrio de forças dos governos estaduais --com ao menos dez conquistas em Estados atualmente democratas (Pensilvânia, Ohio, Michigan, Wisconsin, Iowa, Tennessee, Kansas, Oklahoma, Novo México e Wyoming).

Robyn Beck/AFP
O governador eleito de Nevada, o republicano Brian Sandoval, cumprimenta admirador em evento do seu partido
O governador eleito de Nevada, o republicano Brian Sandoval, cumprimenta admirador em evento do seu partido

Atualmente, 26 governos são democratas, 23 republicanos e um independente.

As disputas governamentais foram especialmente importantes este ano. Há um número recorde em jogo --37-- e é consenso que o governador tem grande influência na disputa presidencial --enquanto mais republicanos, mais difícil será a corrida de Obama pela reeleição.

RECADO A OBAMA

A ansiedade criada com a crise econômica e o descontentamento com o presidente Barack Obama levaram os republicanos a conquistar enormes vitórias que lhes daria uma maioria na Câmara dos Representantes, tirando a porta-voz democrata Nancy Pelosi do cargo e pisando no freio na agenda legislativa de Obama.

A vitória dos republicanos em ao menos uma das casas do Poder Legislativo enfraquece o poder de Obama sobre medidas como a prorrogação dos cortes no imposto de renda e a aprovação de leis de imigração, por exemplo.

Obama assumiu o governo há dois anos, com a esperança de que poderia tirar os EUA da profunda crise econômica. Mas os persistentes altos níveis de desemprego e um deficit de orçamento cada vez maior colocou muitos eleitores contra ele e seus colegas democratas, após eles terem aprovado um custoso pacote de estímulo econômico, doações para as indústrias e reforma dos sistemas financeiro e de saúde.

 

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