Publicidade
Publicidade
Em debate na Folha, jornalista diz que Brasil "tem papel a jogar" contra violações no Irã
Publicidade
AMARO GRASSI
DE SÃO PAULO
A jornalista irano-americana Roxana Saberi afirmou nesta segunda-feira que foi presa em 2009 acusada de espionar para os EUA por tentar escrever um livro sobre a sociedade iraniana. Ela também relatou ter sofrido tortura psicológica para assinar uma confissão.
Acompanhe a Folha no Twitter
Conheça a página da Folha no Facebook
Saberi, 33, participou de um debate promovido pela Folha de S. Paulo, sob mediação da repórter especial Claudia Antunes. Participaram ainda Raul Juste Lores, editor de Mercado, e Iradj Roberto Eghrari, ativista de direitos humanos.
Ela defendeu que o Brasil tem um papel a jogar para combater as violações praticadas por Teerã. "Acho que o Brasil deve fazer dos direitos humanos uma prioridades, se quer se tornar um mediador no Irã". "Deveria falar mais, diretamente com o Irã mas também na ONU".
Na última sexta-feira, o Brasil se absteve na votação por um comitê da ONU (Organização das Nações Unidas) sobre uma resolução condenando as violações de direitos humanos no Irã.
A jornalista disse entender o desejo do Brasil de fortalecer as relações bilaterais com Irã, mas que é preciso haver pressão, tanto bilateral quanto multilateral.
ENTENDA
A jornalista foi presa em janeiro de 2009 e condenada, em abril, a oito anos de prisão acusada de suposta espionagem. Após intensa pressão internacional, no entanto, foi libertada em maio do mesmo ano.
Filha de pai iraniano e mãe japonesa, Saberi nasceu nos EUA. Foi miss Dakota do Norte em 1997 e obteve mestrado em jornalismo e relações internacionais.
Mudou-se em 2003 para o Irã, onde trabalhou para diversos veículos internacionais, entre os quais a BBC e a Rádio Pública Nacional dos EUA.
Voltou para os EUA após sua libertação, saudada pelos presidente americano, Barack Obama, e a secretária de Estado, Hillary Clinton. Ela está no Brasil para lançar o seu livro "Entre Dois Mundos" (Editora Larousse), em que conta a sua história.
PESADELO
Saberi relatou que as restrições ao trabalho jornalístico no Irã se acentuaram com a chegada ao poder do presidente Mahmoud Ahmadinejad, em 2005.
E, devido à crescente dificuldade para fazer reportagens, resolveu escrever o livro que motivou a sua prisão.
Após ser detida, disse que parecia estar passando por um pesadelo. 'Eu não podia acreditar. Tinha raiva dos meus captores, de mim e até mesmo de Deus. Sentia medo, porque algo podia acontecer comigo e ninguém nunca saber.'
Durante os cerca de cem dias que esteve na prisão de Evin, uma das mais conhecidas do país por manter presos políticos, disse que não teve acesso a jornais, livros ou televisão, apenas ao Alcorão em farsi.
'Você teme perder a sanidade. Eu cantava para mim, "tocava" piano com os dedos', afirmou.
CONFISSÃO
Saberi afirmou ter sofrido tortura branca (psicológica), sendo isolada, pressionada e obrigada a acreditar que não tinha alternativa senão assinar a confissão de espionagem para os EUA.
Disse somente ter concordado em fazê-lo por acreditar que seria a única maneira de ser solta. Sua não libertação e o contato com outras prisioneiras políticas que resistiam às pressões, no entanto, a fizeram se arrepender.
A jornalista ressaltou ainda a importância da pressão internacional para a sua soltura. 'Tive sorte de ter muita gente falando do meu caso, na imprensa e em várias partes do mundo.'
+ Notícias sobre Saberi
- Ex-presa faz campanha por libertações no Irã; leia entrevista na íntegra
- Folha promove debate com Roxana Saberi, jornalista que esteve presa no Irã
+ Notícias em Mundo
+ Livraria
- Box de DVD reúne dupla de clássicos de Andrei Tarkóvski
- Como atingir alta performance por meio da autorresponsabilidade
- 'Fluxos em Cadeia' analisa funcionamento e cotidiano do sistema penitenciário
- Livro analisa comunicações políticas entre Portugal, Brasil e Angola
- Livro traz mais de cem receitas de saladas que promovem saciedade
Publicidade
As Últimas que Você não Leu
Publicidade
+ LidasÍndice
- Alvo de piadas, Barron Trump se adapta à vida de filho do presidente
- Facções terroristas recrutam jovens em campos de refugiados
- Trabalhadores impulsionam oposição do setor de tecnologia a Donald Trump
- Atentado contra Suprema Corte do Afeganistão mata 19 e fere 41
- Regime sírio enforcou até 13 mil oponentes em prisão, diz ONG
+ Comentadas
- Parlamento de Israel regulariza assentamentos ilegais na Cisjordânia
- Após difamação por foto com Merkel, refugiado sírio processa Facebook
+ EnviadasÍndice