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22/11/2010 - 22h57

Em debate na Folha, jornalista diz que Brasil "tem papel a jogar" contra violações no Irã

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AMARO GRASSI
DE SÃO PAULO

A jornalista irano-americana Roxana Saberi afirmou nesta segunda-feira que foi presa em 2009 acusada de espionar para os EUA por tentar escrever um livro sobre a sociedade iraniana. Ela também relatou ter sofrido tortura psicológica para assinar uma confissão.

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Saberi, 33, participou de um debate promovido pela Folha de S. Paulo, sob mediação da repórter especial Claudia Antunes. Participaram ainda Raul Juste Lores, editor de Mercado, e Iradj Roberto Eghrari, ativista de direitos humanos.

Ela defendeu que o Brasil tem um papel a jogar para combater as violações praticadas por Teerã. "Acho que o Brasil deve fazer dos direitos humanos uma prioridades, se quer se tornar um mediador no Irã". "Deveria falar mais, diretamente com o Irã mas também na ONU".

Na última sexta-feira, o Brasil se absteve na votação por um comitê da ONU (Organização das Nações Unidas) sobre uma resolução condenando as violações de direitos humanos no Irã.

A jornalista disse entender o desejo do Brasil de fortalecer as relações bilaterais com Irã, mas que é preciso haver pressão, tanto bilateral quanto multilateral.

ENTENDA

A jornalista foi presa em janeiro de 2009 e condenada, em abril, a oito anos de prisão acusada de suposta espionagem. Após intensa pressão internacional, no entanto, foi libertada em maio do mesmo ano.

Filha de pai iraniano e mãe japonesa, Saberi nasceu nos EUA. Foi miss Dakota do Norte em 1997 e obteve mestrado em jornalismo e relações internacionais.

Mudou-se em 2003 para o Irã, onde trabalhou para diversos veículos internacionais, entre os quais a BBC e a Rádio Pública Nacional dos EUA.

Voltou para os EUA após sua libertação, saudada pelos presidente americano, Barack Obama, e a secretária de Estado, Hillary Clinton. Ela está no Brasil para lançar o seu livro "Entre Dois Mundos" (Editora Larousse), em que conta a sua história.

PESADELO

Saberi relatou que as restrições ao trabalho jornalístico no Irã se acentuaram com a chegada ao poder do presidente Mahmoud Ahmadinejad, em 2005.
E, devido à crescente dificuldade para fazer reportagens, resolveu escrever o livro que motivou a sua prisão.

Após ser detida, disse que parecia estar passando por um pesadelo. 'Eu não podia acreditar. Tinha raiva dos meus captores, de mim e até mesmo de Deus. Sentia medo, porque algo podia acontecer comigo e ninguém nunca saber.'

Durante os cerca de cem dias que esteve na prisão de Evin, uma das mais conhecidas do país por manter presos políticos, disse que não teve acesso a jornais, livros ou televisão, apenas ao Alcorão em farsi.

'Você teme perder a sanidade. Eu cantava para mim, "tocava" piano com os dedos', afirmou.

CONFISSÃO

Saberi afirmou ter sofrido tortura branca (psicológica), sendo isolada, pressionada e obrigada a acreditar que não tinha alternativa senão assinar a confissão de espionagem para os EUA.

Disse somente ter concordado em fazê-lo por acreditar que seria a única maneira de ser solta. Sua não libertação e o contato com outras prisioneiras políticas que resistiam às pressões, no entanto, a fizeram se arrepender.

A jornalista ressaltou ainda a importância da pressão internacional para a sua soltura. 'Tive sorte de ter muita gente falando do meu caso, na imprensa e em várias partes do mundo.'

 

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