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Campanha rica turbina candidato do governo à Presidência do Haiti
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FLÁVIA MARREIRO
ENVIADA ESPECIAL A PORTO PRÍNCIPE (HAITI)
No centro de Porto Príncipe ou em Cité Soleil, megafavela da capital haitiana, só os outdoors do candidato governista à Presidência fazem frente aos pôsteres em vermelho vivo de uma onipresente operadora de celular.
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É o índice mais mensurável de que é de Jude Célestin, ex-presidente da influente agência de reconstrução do país e apadrinhado do presidente René Préval, a mais organizada e bem financiada campanha rumo às eleições gerais do próximo domingo (28).
Célestin, segundo a pesquisa de opinião mais recente, deve estar entre os dois candidatos mais votados e enfrentará a ex-primeira-dama Mirlande Manigat no segundo turno, em janeiro.
Nas eleições de 2006, uma fórmula matemática foi aplicada para dar a Préval a vitória no primeiro turno (50% dos votos + 1). A justificativa é que um eventual segundo turno apenas daria margem a mais instabilidade política.
Desta vez há também um fator que ajudaria um líder da disputa a alcançar a maioria simples. Será descontado 6% do contingente eleitoral, fórmula encontrada para descontar mortos acumulados no registro eleitoral desde 2005 -- incluindo as 300 mil vítimas do terremoto.
IMAGEM
Ainda que os levantamentos de opinião sejam tomados com reserva no Haiti, é difícil que qualquer candidato evite a segunda votação.
De todo modo, a performance do governista pode ser considerada uma façanha política, em termos haitianos, do presidente Préval.
Em primeiro lugar porque, à frente de um governo cronicamente débil, duramente afetado
por furacões e pelo terremoto em janeiro, o atual presidente deve conseguir terminar seu mandato.
Em segundo porque, ao emplacar, com chance, seu apadrinhado político, ele mostra que conseguiu organizar uma máquina política num espaço entre o agora dividido Lavalás, o movimento político do presidente deposto Jean Bertrand Aristide, e a ferrenha oposição a ele.
Para o professor da Universidade Flensburg (Alemanha) Sebastião Nascimento, Préval, ele próprio um apadrinhado de Aristide, soube cultivar sua imagem de opaco, com bom relacionamento com os atores estrangeiros e com as forças da ONU (Organização das Nações Unidas).
"Ele demonstrou que a fraqueza do governo foi uma estratégia de sobrevivência", diz Nascimento, coordenador de pesquisa da Unicamp sobre universidades do Haiti.
Nas ruas de Cité Soleil, Celiana Jean Louis, 60, estava ontem parada diante de vários cartazes de Célestin. Ela diz que vai votar nele, mas rejeita a ligação com Préval.
No grupo que se formou ao redor dela, homens repetem que vão votar em Célestin, sem muita elaboração de motivos. "Queremos que o país melhore", diz Jean Louis.
O candidato, considerado sem carisma, ganhou alguma projeção após o terremoto, quando a agência que coordena engajou mulheres na reconstrução.
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