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Expulso após declarar ser gay, militar dos EUA que lutou no Iraque vira ativista
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CRISTINA FIBE
DE NOVA YORK
Californiano de origem coreana, Dan Choi entrou para a academia militar de West Point aos 17 anos, em 1998. Entre 2006 e 2007, serviu na Guerra do Iraque escondendo de todos o fato de ser gay. Após conhecer o primeiro namorado e contar aos pais, virou ativista contra a política do "don't ask, don't tell" ("não pergunte, não conte") imposta aos militares. Uma aparição no programa de TV "The Rachel Maddow Show", no qual declarou ser gay, fez com que o Exército o expulsasse.
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Leia o depoimento do militar à Folha:
Meu pai fez parte do Exército coreano, e minha mãe é órfã da Guerra da Coreia. Quando estávamos crescendo, nos EUA, eles diziam que defender o país é algo muito importante.
Meu pai sempre disse que você deve servir a algo maior. O que realmente quis dizer foi "se não servir no Exército, não é homem".
Aos 17 anos, me inscrevi para todas aquelas escolas [militares]. Soube muito cedo que havia passado em West Point.
Arquivo pessoal |
Dan Choi, no Iraque, em julho de 2007, antes de revelar ser gay num programa de TV dos EUA e ser expulso do Exército |
Eu sabia que era gay, sabia também que era da Califórnia, asiático -- por todas as razões, eu seria diferente. Me perguntam por que fui a West Point sendo gay, e eu digo que a única coisa que passava pela minha cabeça era o fato de ser asiático.
Meu pai é pastor evangélico, e não falamos sobre essas questões nas famílias coreanas. Meus pais nem sabem palavras para "gay" ou "don't ask don't tell" (não pergunte, não conte).
Sempre achei que fosse uma fase, pensava que era um pecado e que precisava mudar. Talvez rezando, saindo com todas as garotas, me "curasse". Pensava que talvez não fosse masculino o suficiente. Se entrasse para o Exército, jogasse futebol, não seria gay.
Eu não falava sobre o assunto. As pessoas eram expulsas por causa do "don't ask, don't tell"; alguém vinha me contar, e eu não queria ouvir. Agora sei que havia tantos gays em West Point... E perdi todas as festas!
Eles estavam dando festas, saindo com homens, fazendo tudo isso secretamente. Como fiquei tão de fora? Estava tão focado em estudar árabe... Tinha de ser o melhor, não tinha tempo para sair com ninguém.
GUERRA
No Iraque [a partir de 2006], ficou mais e mais difícil ficar em silêncio, porque você está em situações de vida ou morte. Parte de mim estava tão triste por não poder viver a minha vida, que pensei: "talvez fosse bom se eu morresse aqui".
Os gays mais velhos falam sobre Aids e dizem aos gays mais jovens: "Você não sabe como é"; falam nos amigos que perderam, sobre o medo de tocar no assunto... É como me sinto com a guerra e o "don't ask, don't tell".
Mas fui muito feliz no Iraque em alguns momentos. Sentia que as pessoas precisavam de mim lá, por falar árabe. Voltei no fim de 2007, e, em 2008, conheci o meu namorado. No fim de 2008, início de 2009, decidi contar aos meus pais.
A primeira coisa que fiz depois disso foi entrar para o grupo de veteranos gays. Passei a conhecer pessoas, e foi incrível ver que existiam, que se casavam, tinham filhos... Especialmente para gays suicidas, ver outras pessoas virem a público é muito poderoso.
Depois que fundamos o grupo de West Point [Knights Out, que reúne ex-alunos da academia em favor da causa gay], tivemos muita exposição. Três meses depois de contar aos meus pais, estava na TV falando sobre ser gay e ainda estava servindo.
Fui processado, houve uma rápida investigação, e acharam o programa suficiente para me expulsar.
Tive de depor, e disseram: "A única coisa que pode fazer para ser inocente é dizer que não é gay. Se disser que é gay, é culpado".
E eu disse: "Sou gay! Não vou mentir para vocês. Aqui fora vocês têm um pôster que diz "não deixe nenhum soldado para trás". E todos os soldados gays? Estou fazendo o trabalho de vocês, dizendo a eles que não estão sozinhos!".
Em julho, me expulsaram. Os papéis de exoneração foram mandados para os meus pais, e estou tecnicamente sem teto, sem falar com eles. Descobri um mês depois.
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