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Reunião entre Irã e 5+1 termina sem avanço; diálogo continua em janeiro na Turquia
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DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS
As potências do grupo 5+1 e o Irã encerraram nesta terça-feira dois dias de reuniões em Genebra sem obter avanço considerável nos debates sobre o polêmico programa nuclear iraniano, mas marcaram um novo encontro em Istambul no fim de janeiro de 2011.
"Nós e o Irã acertamos a continuação dessas conversas no fim de janeiro em Istambul, onde planejamos discutir ideias práticas e formas de cooperação em busca de uma solução para nossas preocupações sobre a questão nuclear", disse a jornalistas a chefe de política externa da União Europeia, Catherine Ashton, após os dois dias de encontro.
Anja Niedringhaus/Reuters | ||
Catherine Ashton e Said Jalili na abertura das reuniões entre o grupo 5+1 e o Irã, em Genebra |
Mas o Irã novamente deixou claro que não pretende abrir mão do seu programa de enriquecimento de urânio. "O Irã só vai continuar o diálogo se ele se basear na cooperação mútua, e só se for a respeito de questões com as quais ambos os lados concordarem", disse o principal negociador do país, Said Jalili.
"Não vamos conversar sobre os direitos nucleares do Irã, e o Irã nunca irá aceitar a pressão", afirmou ele à TV estatal iraniana.
O Ocidente acusa Teerã de produzir urânio enriquecido com a finalidade de produzir a bomba atômica, o que o governo iraniano nega.
Na véspera do encontro o Irã enviou uma clara mensagem ao 5+1 anunciando que já é autossuficiente na produção de pó de urânio, material usado como base para a obtenção de urânio enriquecido.
As potências querem que o país suspenda sua produção de urânio enriquecido. "As opções são claras para o Irã: pode-se cooperar ou enfrentar cada vez mais isolamento", disse um diplomata envolvido nas reuniões.
Ainda na semana passada, no entanto, o presidente iraniano Mahmoud Ahmadinejad deixou claro que a interrupção total de seu programa nuclear está fora de questão e não será discutida nas reuniões.
AHMADINEJAD
Mostrando a grande distância que separa as duas partes, o presidente Mahmoud Ahmadinejad disse que as negociações poderão ser "frutíferas" se as sanções internacionais impostas ao país devido ao programa nuclear foram abandonadas -- algo que o Ocidente afirma estar fora de cogitação.
Efe | ||
Imagem de arquivo mostra o presidente iraniano Mahmoud Ahmadinejad vistoriando usina nuclear de Natanz |
Em discurso em Teerã, Ahmadinejad pediu às potências que admitam publicamente os "direitos" nacionais do Irã, e afirmou que do contrário esses países não conseguirão "nada senão remorso".
CIENTISTA
Ainda ontem (6), Jalili os países do grupo 5+1 a condenarem a morte de Majid Shahriari, cientista nuclear iraniano vítima de um atentado atribuído pela República Islâmica aos serviços de inteligência americano e israelense, informa a agência estatal Irna.
Falando no primeiro dia das conversações em Genebra, Jalili foi enfático ao mencionar o caso. "Como o mundo pode estar em silêncio após este ato terrorista e franca admissão de certos países que tiveram participação nisso? E como o 5+1 pode não condenar este ato?", questionou.
Jalili condenou o Ocidente e os países do grupo pela suposta participação nos atentados.
Analistas já haviam indicado que o atentado poderia dificultar o sucesso das reuniões desta segunda e terça na Suíça.
Diplomatas iranianos revelaram à Irna que durante sua exposição na reunião, Jalili afirmou que mais de 13 mil pessoas já morreram vítimas do grupo terrorista MKO, que atua no Irã supostamente com financiamento das potências ocidentais.
O negociador teria ainda feito referência ao site da chancelaria de Israel --que aponta que os atentados contra os cientistas nucleares iranianos foram uma tentativa de desestabilizar o programa de enriquecimento do país-- e a comentários recentes do chefe do serviço secreto do Reino Unido, John Sawers, que teria feito referências específicas a operações de inteligência dentro do Irã.
RETOMADA DO DIÁLOGO
As negociações entre a República Islâmica e os países do grupo 5+1 (Reino Unido, China, França, Alemanha, Rússia e EUA) começaram nesta segunda-feira em Genebra, na Suíça, após mais de um ano de polêmica sobre o programa nuclear iraniano, que já foi motivo de sanções do Conselho de Segurança da ONU ainda em junho.
"As reuniões já começaram", disse uma fonte da chancelaria suíça ainda na manhã desta segunda. As potências são representadas pela chefe de diplomacia da União Europeia, Catherine Ashton, e o Irã tem em Said Jalili seu principal negociador.
"Qualquer assunto relativo às atividades nucleares do Irã deveriam ser resolvidas no âmbito da AIEA (Agência de Energia Atômica das Nações Unidas)", disse Ali Baqeri, vice-chefe da delegação iraniana em Genebra.
ENTENDA
O Conselho de Segurança das Nações Unidas aprovou em junho uma sexta rodada de sanções contra o Irã, a fim de obrigar o país a retomar as conversações, algo que só ocorre nesta segunda-feira, 14 meses depois da implementação das medidas.
As potências desejam que o Irá suspenda o trabalho de enriquecimento de urânio --que pode ter uso tanto civil como militar-- em troca de benefícios diplomáticos.
O Irã sustenta que suas ambições nucleares são pacíficas e nega que busque desenvolver armas atômicas, mas se recusou a aceitar as exigências da ONU para que detenha o enriquecimento de urânio.
Em maio, após mediação de Brasil e Turquia, o Irã apresentou uma versão de um acordo nuclear, aprovado por Brasília e Ancara, mas os EUA e seus aliados recusaram a proposta e deram prosseguimento a uma série de sanções contra o país.
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