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Holanda registra 1.975 denúncias de abuso sexual e físico cometidos por religiosos
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MARCEL MICHELSON
DA REUTERS, EM HAIA
Quase 2.000 pessoas se declararam vítimas de abuso sexual e físico na infância e adolescência enquanto estavam sob os cuidados da Igreja Católica Romana na Holanda, informou uma comissão independente nesta quinta-feira.
A investigação sobre os abusos que datam de 1945 mostra a Holanda numa posição bem pior que a Irlanda dentro do escândalo que abalou a Igreja Católica na Europa e nos Estados Unidos. O escândalo também forçou o papa Bento 16 a pedir desculpas às vítimas de abuso sexual cometidos por padres católicos.
O relatório da comissão indicada pela igreja foi solicitado pela conferência dos bispos da Holanda depois do aparecimento de casos envolvendo padres pedófilos na Holanda, na Bélgica, na Irlanda, na Alemanha, na Austrália, no Canadá e nos EUA.
"Tenho muito respeito para com as pessoas que se apresentaram, porque se declarar vítima é um grande passo", disse Wim Deetman, ex-ministro da Educação e ex-prefeito de Haia, que está à frente da comissão e é protestante.
Questionado se o relatório poderia fazer pressão para uma mudança geral na hierarquia da Igreja, Deetman afirmou: "É muito cedo para dizer isso. Veremos isso no fim do ano que vem, depois de debater com muitas pessoas. Mas a conferência dos bispos nos pediu para estudarmos responsabilidades administrativas".
O relatório, um estudo preliminar sobre os escândalos, disse que a Igreja não fez o bastante para ajudar as vítimas e pediu que ela criasse um sistema eficaz de compensações, uma organização especial para ajudar as vítimas e ação disciplinar da Igreja, caso necessário.
Líderes do grupo católico Help and Justice, que vinha tratando até agora dos casos de abuso relatados à Igreja, ofereceram sua renúncia depois de o relatório afirmar que o grupo "não é uma organização assistencial".
A Igreja da Holanda e a Conferência das Ordens Religiosas no país agradeceram a Deetman pelo relatório e afirmaram que "o número de relatos requer uma investigação completa", com a qual vão cooperar amplamente. Eles pediram que Deetman prossiga com suas investigações.
A comissão seguirá até o fim de 2011 para verificar se as recomendações foram implementadas. "Temos uma lista de perpetradores e estamos conversando com alguns deles", acrescentou Deetman.
Deetman afirmou que as organizações da Igreja esperaram muito tempo para tomar uma atitude profissional frente as queixas de abuso.
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