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Ultradireitista francesa promove batalha contra açougues muçulmanos
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LUIS MIGUEL PASCUAL
DA EFE, EM PARIS (FRANÇA)
Marine Le Pen, filha do histórico líder ultradireitista francês Jean-Marie Le Pen e candidata a sua sucessão, travou uma batalha contra os açougues muçulmanos, os quais acusa de discriminação na contratação de seus trabalhadores porque consideram que os "não muçulmanos não podem tocar" em sua carne.
Embora as associações muçulmanas tenham negado essa afirmação, a vice-presidente da Frente Nacional (FN) repete as acusações em cada ato público do qual participa.
Sua batalha contra os açougues muçulmanos teve início no mês passado quando um estabelecimento do norte da França pediu uma subvenção pública para ampliar seu negócio para a região Nord-Pas-de-Calais.
Entre os pontos destacados por seus proprietários para obter a ajuda figurava a promessa de criação de 29 novos postos de trabalho.
Marine, conselheira dessa região, se opôs ferozmente à concessão da ajuda com o argumento de que a contratação dos novos trabalhadores seria feita "com base em discriminação religiosa, já todos" deveriam ser muçulmanos. Nesses açougues "só podem trabalhar muçulmanos" porque eles consideram que os outros trabalhadores tornariam a carne "impura", acrescentou.
Esse argumento é repetido como um slogan político, ainda mais em um momento em que Marine está em plena campanha pela Presidência da FN, cargo que é ocupado por seu pai há 38 anos. "Não sei por que ela opina sobre algo que não sabe", afirmou à agência Efe o porta-voz do Conselho Francês do Culto Muçulmano (CFCM), Benabdellah Soufari, em resposta aos argumentos da política.
Segundo o especialista, o único requisito para que a carne seja "halal" (permitida) aos muçulmanos é que seja seguido um ritual específico no momento do sacrifício, mas nada impede que uma pessoa de outra religião a venda. Esta opinião é compartilhada pela Mesquita de Paris, onde sustentam que boa parte dos trabalhadores dos açougues não é muçulmana.
Assim como as de Evry e a de Lyon, a Mesquita de Paris tem o monopólio para conceder certificados aos trabalhadores dos matadouros e é muito clara na hora de estabelecer as regras.
O animal deve estar olhando para Meca e sem que este tenha sido previamente anestesiado deve ser degolado por um muçulmano, que antes de fazê-lo pronuncia o nome de Alá. Posteriormente, a carne não pode entrar em contato com outra que não seja "halal", por isso que boa parte dos matadouros franceses reserva um dia por semana para este tipo de sacrifício.
O CFCM e a Mesquita de Paris vem por trás das declarações de Marine intenções políticas.
A filha do líder ultradireitista atiçou esta polêmica em plena disputa pela Presidência da FN com o ortodoxo Bruno Gollnisch, muito mais próximo às teses tradicionais da legenda, enquanto Marine, apesar de seu sobrenome, se apresenta como a candidata da renovação.
No entanto, ela, que conta com o apoio de seu pai, tem consciência de que os militantes de seu partido podem rejeitar sua imagem mais branda e inovadora, por isso que aproveitou para criar a polêmica e tentar despertar a atenção das bases da legenda.
Enquanto isso, ela recebeu a resposta, não isenta de ironia, do proprietário do açougue que pediu a subvenção: "Dos 23 empregados do meu estabelecimento, 11 são franceses da forma que Marine Le Pen entende por franceses, embora para mim sejam todos iguais".
"Além disso, 60% da minha clientela tem características que indicam que não são muçulmanos, mas não sou um especialista em religiões", acrescentou.
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