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Narcotráfico ainda influencia Exército do Peru, revela WikiLeaks
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DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS
Um dos documentos diplomáticos americanos revelados pelo site WikiLeaks causou furor nas Forças Armadas peruanas ao revelar que o narcotráfico ainda possui grande influência sobre o Exército do país.
A observação foi feita em telegrama enviado pelo então embaixador americano no Peru, Michael McKinley, em março de 2009. Ele afirma que uma fonte, cujo nome foi omitido no telegrama revelado, "viu sinais de que oficiais podem ter continuado a operar com traficantes de drogas".
O documento ressalta, contudo, que poucos acreditam que a corrupção seja "de qualquer forma tão profunda ou extensiva quanto foi durante o reinado" de Vladimiro Montesinos, ex-chefe dos serviços de inteligência do ditador Alberto Fujimori (1990-2000).
Montesinos, que está preso na base naval de Callao em Lima, foi flagrado em 2000 em vídeos entregando dinheiro a um parlamentar em troca de apoio aos projetos do governo. Ele foi condenado em outubro deste ano a oito anos e seis meses de prisão por organizar uma fraude eleitoral em um referendo, para favorecer a segunda reeleição de Fujimori. Também foi sentenciado por fraude eleitoral no pleito municipal de 1998, a favor dos candidatos partidários do então mandatário.
O documento cita um encontro, em 2007, entre o general Paulo da Silva e um líder da indústria regional, Rolando Eugenio Velasco Heysen, que coordenariam juntos carregamentos de drogas. Velasco foi preso em outubro de 2007, sob acusações de tentar exportar 840 quilos de cocaína escondidos em peixe congelado. Ele permanece preso à espera de julgamento.
Ainda de acordo com o documento, os diplomatas obtiveram a informação em conversas sigilosas com oficiais superiores das Forças Armadas. Eles denunciaram que alguns companheiros "recebem pagamentos lucrativos dos narcotraficantes que atuam nos vales dos rios Apurímac e Ene".
Essa zona é conhecida no Peru como Vrae, o último reduto do grupo terrorista Sendero Luminoso, um lugar de difícil acesso rodeado de montanhas e de mata selvagem.
Alguns soldados, quando completam o serviço voluntário em que aprendem como utilizar as armas, além de táticas militares, são "recrutados por redes de narcotráfico", destaca o documento.
Silva, então chefe da região militar de Piura, foi nomeado chefe das Forças Armadas do Peru neste mês.
Ele convocou uma entrevista coletiva nesta segunda-feira para negar as acusações. Ele disse que se encontrou com Velasco, mas que falou apenas da oferta do pescador para ser fornecedor de peixes às Forças Armadas. "Não foi uma reunião privada e não tinha nenhum conhecimento de que [Velasco] estava implicado em narcotráfico".
Jornais regionais relataram à época a campanha pública de Velasco para que as Forças Armadas utilizassem peixes e frutos do mar da região. Mas o telegrama ressalta que o período para novos contratos com os militares já havia acabado na época do encontro.
Silva chamou ainda o documento de infame e que vai abrir uma queixa criminal contra McKinley (atual embaixador americano na Colômbia) "por sua irresponsabilidade" --mesmo que o documento apenas sugira a corrupção.
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