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27/12/2010 - 16h02

Jornalistas detidos no Irã ainda não viram famílias, diz governo alemão

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DA FRANCE PRESSE, EM BERLIM
DE SÃO PAULO

Os dois jornalistas detidos no Irã por entrevistar o filho e o advogado de Sakineh Mohammadi Ashtiani --mulher condenada à morte por apedrejamento-- não viram suas famílias, ao contrário do que foi anunciado por uma agência iraniana, declarou nesta segunda-feira um porta-voz do ministério alemão das Relações Exteriores.

Veja galeria de imagens de Sakineh

"Não houve encontro", diz o porta-voz à France Presse.

A agência oficial iraniana IRNA informou posteriormente que a visita dos familiares está programada, mas que ainda não ocorreu.

Entretanto, a agência semi-oficial Mehr anunciou pouco antes que os dois jornalistas teriam recebido a visita de seus familiares em Tabriz (noroeste), onde encontram-se detidos desde o mês de outubro, após o pedido realizado pelo ministro alemão das Relações Exteriores às autoridades iranianas.

Ambos foram presos por entrevistar o filho e o advogado de Sakineh, condenada por adultério e assassinato, em um caso que provocou mobilização da comunidade internacional.

CONDENAÇÃO

Sakineh foi inicialmente condenada à pena de morte por apedrejamento. A sentença foi suspensa neste ano após várias críticas de grupos de direitos humanos terem levado à forte pressão internacional sobre o Irã.

Segundo a lei islâmica, em vigor no Irã desde a revolução de 1979, o adultério pode ser punido com a morte por apedrejamento, e crimes como assassinato, estupro, roubo a mão armada, apostasia e tráfico de drogas são todos punidos com a morte. Ainda este mês, os EUA condenaram os planos anunciados de executar Sakineh. O Reino Unido alertou o Irã contra ir em frente com a punição, e a França pediu ao país para perdoá-la.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva ofereceu asilo a Sakineh em julho, levando a uma recusa pública da oferta pelo Irã, que disse que Lula é "uma pessoa humana e sensível", mas não tinha conhecimento de todos os fatos.

CASO

Em 2006, Sakineh Mohammadi Ashtiani, 43, foi condenada duas vezes à pena de morte por dois tribunais diferentes de Tabriz (noroeste do país) em dois processos distintos, acusada de participação no homicídio do marido e de ter cometido adultério, em particular com o suposto assassino do marido.

AP
A iraniana Sakineh Mohammadi Ashtiani, 43, foi condenada 2 vezes à pena de morte; caso rendeu críticas em todo mundo
A iraniana Sakineh Mohammadi Ashtiani, 43, foi condenada 2 vezes à pena de morte; caso rendeu críticas em todo mundo

O grupo de direitos humanos Anistia Internacional (AI) disse que Sakineh foi considerada culpada de "adultério quando estava casada", o que teria negado, e foi sentenciada à morte por apedrejamento.

A AI listou o Irã como o segundo país do mundo com mais execuções em 2008, depois da China, e disse que Teerã matou ao menos 346 pessoas em 2008. As autoridades iranianas rejeitam as alegações de abusos de direitos humanos, dizendo que apenas seguem a lei islâmica.

Um ano depois, a pena de morte por enforcamento pela participação no homicídio do marido foi comutada por dez anos de prisão por uma corte de apelações, mas a execução por apedrejamento foi confirmada por outro tribunal de apelações no mesmo ano. Todas as informações foram divulgadas por autoridades iranianas e advogados ligados ao caso. Os papéis do caso não foram divulgados à imprensa.

Em julho deste ano, sob forte pressão internacional, Teerã anunciou que a condenação à pena capital havia sido suspensa e que o caso estava sendo reexaminado. Desde então, o caso volta à imprensa ocasionalmente com declarações de oficiais iranianos.

 

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