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Para israelenses na fronteira, nova guerra é inevitável
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MARCELO NINIO
ENVIADO ESPECIAL A SDEROT
Donos de um popular restaurante de comida marroquina no centro de Sderot, a cidade israelense mais próxima da faixa de Gaza, o casal Rachel e Eli Assaiag teme que a tranquilidade dos últimos dois anos esteja perto do fim.
Sderot sempre foi o alvo preferencial dos foguetes disparados por grupos palestinos a partir de Gaza, mas desde a ofensiva israelense (2008-2009), o número de ataques caiu drasticamente.
Nas últimas semanas, porém, a intensidade dos disparos aumentou, despertando antigos temores e também cobranças. Desde o começo de 2010, segundo Israel, mais de 200 projéteis foram lançados de Gaza.
"Foi um erro não ter ido até o fim em 2009", diz Rachel Assaiag, enquanto mexe lentamente um panelão com bolinhos de carne. "O Exército deveria ter acabado com o Hamas de uma vez".
Trata-se de uma cobrança comum na cidade de 20 mil habitantes, que não esquece seus piores dias. Entre 2005, quando Israel se retirou de Gaza, até a ofensiva de 2008, estima-se que Sderot tenha sido atingida por mais de 2 mil foguetes.
Para evitar uma fuga em massa, o governo colocou em prática um programa de construções em massa, dando a todas as famílias da cidade um abrigo antifoguetes dentro de casa.
Prédios públicos como escolas, creches e hospitais também foram reforçados. Até os pontos de ônibus viraram pequenos bunkers, e em seguida pintados com cores berrantes por artistas de rua para quebrar o tom soturno do concreto.
Apesar da intensificação dos disparos de Gaza nas últimas semanas, o Exército israelense não acredita numa escalada que leve a uma ofensiva como a de dois anos atrás.
"A relativa calma dos últimos dois anos mostra que a dissuasão gerada pela operação Chumbo Fundido funcionou", diz a porta-voz do Exército, Avital Leibovich.
Tudo isso não diminui pessimismo de quem mora perto da fronteira. Em 2005, o paulista Natan Galkovitz perdeu a filha Dana, atingida por um foguete.
Morador do kibutz (comunidade agroindustrial) Bror Hail, a poucos quilômetros de Gaza, ele acha que o aumento dos ataques nas últimas semanas mostra que a solução ainda está longe.
"Uma nova guerra é só questão de tempo", prevê.
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