Obama nomeia executivo de banco como chefe de gabinete para "salvar" economia

Atualizado às 18h19.

O presidente dos EUA, Barack Obama, anunciou nesta quinta-feira a escolha do executivo do banco JP Morgan Chase William Daley como seu novo chefe de gabinete, elegendo um centrista ligado a Wall Street para o comando de seu governo.

Carlos Barria/Reuters

William Daley, ex-secretário de Comércio e executivo da J.P. Morgan Chase, sérá novo chefe de gabinete dos EUA

Obama espera que Daley, que já foi secretário de Comércio durante o governo de Bill Clinton, ajude a estimular a economia dos EUA.

"Ele possui um profundo entendimento de como os empregos são criados e como fazer nossa economia crescer", disse Obama aos jornalistas na Casa Branca, ao lado de Daley, 62.

"Poucos americanos podem gabar-se da vasta experiência que Bill traz para esse cargo", disse. "Mas, acima de tudo, sei que Bill é alguém que se importa muito com esse país."

"Essa equipe não vai lhe decepcionar, nem à nação", disse Daley.

Daley --que vem de uma família tradicional de políticos de Chicago-- irá substituir Pete Rouse, que é amigo de longa data de Obama e deve se tornar conselheiro do presidente.

A indicação de Daley foi bem recebida pelos empresários americanos. Ele foi chefe de campanha do então vice presidente Al Gore, em sua campanha para a Presidência em 2000, e também foi presidente da SBS Communications. Recentemente, ele era responsável pelas operações do banco J.P. Morgan Chase no centro-oeste dos EUA.

MOMENTO DELICADO

A indicação colocará o executivo no centro da política nacional dos EUA, enquanto Obama se adapta à nova situação em Washington, com os republicanos controlando a Câmara dos Representantes.

A nova maioria republicana da Câmara assumiu o poder nesta quarta-feira, em uma mudança de poder altamente simbólica após a vitória nas eleições legislativas de 2 de novembro.

O opositor Partido Republicano conquistou a maioria dos assentos na Câmara baixa do Parlamento, além de ter diminuído a margem de vantagem democrata no Senado.

Os opositores trabalham para barrar a reforma de saúde proposta pelo presidente. Obama também sofre pressão para fazer extensos cortes de orçamento.

MUDANÇAS

A nomeação de Daley representa a mudança mais significativa em uma grande reforma de equipe, que inclui também a saída do porta-voz da Casa Branca, Robert Gibbs, e vários vices e consultores econômicos.

Ontem, o porta-voz da Casa Branca, Robert Gibbs, anunciou que irá deixar o cargo. Ele deve se tornar assessor político de Obama e elaborar discursos para o setor privado.

As mudanças devem entrar em vigor em fevereiro deste ano. Não foi anunciado de imediato quem deverá suceder Gibbs, que ficou cerca de dois anos no cargo.

No entanto, especula-se que os mais prováveis sucessores são dois de seus auxiliares, Bill Burton e Josh Earnest, além de Jay Carney, que é assessor de imprensa do vice-presidente, Joe Biden.

Novas alterações são esperadas nos próximas dias, já que Obama pretende renovar seu time de assessores como preparação para as eleições presidenciais de 2012, quando deve se candidatar à reeleição.

DERROTA DE OBAMA

Barack Obama assumiu o governo há dois anos, com a esperança de que poderia tirar os EUA da profunda crise econômica. Mas os persistentes altos níveis de desemprego e um deficit de orçamento cada vez maior colocou muitos eleitores contra ele e seus colegas democratas, após eles terem aprovado um custoso pacote de estímulo econômico, doações para as indústrias e reforma dos sistemas financeiro e de saúde.

Os republicanos disseram que Obama e seus colegas democratas são gastadores que fizeram aumentar o deficit e ampliaram os poderes do governo. A acusação parece ter ecoado entre os eleitores, afetados pela recessão mais profunda no país desde os anos 1930.

	Editoria de Arte/Folhapress