Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
07/01/2011 - 17h36

UE rejeita oferta de visita a usinas nucleares do Irã; Brasil é um dos convidados

Publicidade

LUKE BAKER
DA REUTERS, EM BUDAPESTE

A União Europeia rejeitou uma oferta do Irã de visitar suas instalações nucleares, disse na sexta-feira a chefe de Relações Exteriores do bloco, Catherine Ashton, mas continua otimista em relação às conversações previstas com Teerã para este mês.

O Irã enviou cartas a vários embaixadores junto à Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), em Viena, convidando-os a visitar duas instalações nas próximas semanas: a usina de enriquecimento de urânio de Natanz e o complexo de água pesada de Arak.

Entre os países convidados está o Brasil, que analisa a oferta, de acordo com o Itamaraty.

Diplomatas do Reino Unido, França, Alemanha e Estados Unidos não foram convidados. Mas a Hungria, que ocupa a presidência rotativa da UE até julho, foi convidada, deixando o bloco em um dilema sobre o que fazer.

"O que direi é que o papel de inspecionar instalações nucleares cabe à AIEA, e espero que o Irã garanta que a AIEA possa ir e realizar seu trabalho," disse Ashton após um encontro com o chanceler húngaro, Jamos Martonyi, dizendo que o convite seria recusado.

Os EUA e as três potências da UE mais envolvidas em pressionar o Irã para que suspenda o enriquecimento de urânio foram esnobados por Teerã, mas Rússia e China, também envolvidos em negociações nucleares esporádicas com o Irã, foram convidadas.

Ashton disse que consultou Rússia e China antes de decidir que o convite não deveria ser aceito.

"Evidentemente, consultei os outros membros do E3+3 (seis potências) que foram convidados. Minha posição é que, embora eu não enxergue este convite sob uma ótica negativa, visitar essas instalações e determinar o que são não é nosso trabalho e é algo que requer conhecimentos especializados," disse Ashton, aludindo aos inspetores da AIEA.

O Ocidente suspeita que o programa nuclear do Irã tenha por objetivo o desenvolvimento de bombas. Teerã diz que ele visa apenas a energia nuclear pacífica.

CONVITE

Em Viena, o enviado do Irã à AIEA disse que a maioria dos embaixadores credenciados junto ao órgão foi convidada, "de Norte, Sul, Leste e Oeste," confirmou que participaria da visita. Mas ele não os identificou.

"Convidamos todos os amigos a se reunirem da maneira mais transparente para ver nossas instalações nucleares, e esta é uma iniciativa muito positiva do Irã," disse à Reuters o embaixador Ali Asghar Soltanieh. Ele se negou a comentar as declarações de Ashton, dizendo não ter recebido uma resposta formal da UE.

Diplomatas ocidentais descreveram o convite iraniano como tentativa de dividir as seis potências mundiais e enfraquecer as sanções internacionais impostas a Teerã em função de sua atividade sigilosa.

Rússia e China tendem a adotar uma postura mais leniente em relação ao Irã. Os dois países ainda não deram resposta pública ao convite de Teerã.

Diplomatas ocidentais disseram na quarta-feira que Rússia e China estão sendo desencorajadas ativamente de participar da visita, já que isso poderia enfraquecer a frente unida dos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU, mais a Alemanha, com relação ao dossiê nuclear iraniano.

GESTO DE BOA VONTADE

Em entrevista a uma agência de notícias iraniana publicada antes dos comentários de Ashton, o ministro interino de Relações Exteriores iraniano, Ali Akbar Salehi, disse que a intenção do convite era um "gesto de boa vontade" para conter "mentiras propagadas por alguns países não-benevolentes sobre as atividades nucleares do Irã".

Informações de inteligência israelenses divulgados na sexta-feira apontam que Israel acredita que o Irã, seu arquirrival, não poderá produzir uma bomba atômica antes de 2015. A ampliação do prazo acalmou os temores de um ataque preventivo contra o Irã e deu mais tempo para uma solução diplomática.

Ashton não disse se considerava o convite iraniano como uma tentativa de dividir as seis potências envolvidas nas negociações, mas disse que isto não impediria as conversas nucleares que ela lidera com a República Islâmica.

"Não é um obstáculo, de maneira alguma. Temos as datas para as (próximas) conversas, começamos na noite de 20 de janeiro e temos dois dias, ou ao menos um dia e meio, o que é extremamente positivo".

As conversas deverão ocorrer em Istanbul e terão a presença de representantes das seis potências, disse ela.

Outros convidados para as visitas, além do Brasil, são Egito, Cuba, Venezuela, Turquia, Argélia e a Liga Árabe, disseram diplomatas.

Cuba e Venezuela são aliados do Irã, enquanto Brasil e Turquia tentaram, no ano passado, mediar o impasse iraniano com as potências.

 

Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página