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09/01/2011 - 04h41

Começa o plebiscito de autodeterminação do sul do Sudão

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DA EFE

Os centros de votação do sul do Sudão começaram neste domingo a abrir suas portas às 8h (horário local, 3h de Brasília) no início de um plebiscito de autodeterminação que se prolongará por sete dias.

Foram convocados um total de 3,9 milhões de sudaneses originais do sul do país e que tenham chegado à região desde 1956. O voto será exercido não só no sul do Sudão, mas no resto do país e em outras oito nações, para os emigrantes.

Editoria de Arte/Folhapress

As cédulas têm apenas duas opções: a unidade, representada por duas mãos entrelaçadas, e a separação, representada pela palma de uma mão em sinal de parada.

A votação acontece até o dia 15 de janeiro. Os resultados totais preliminares serão anunciados por volta do final deste mês, e o prazo final, uma vez revisadas todas as impugnações, será o dia 14 de fevereiro.

Caso seja aprovada a separação, a opção favorita nas pesquisas, no final de julho vencerá o período transitório fixado nos acordos de paz de 2005 e terá início o surgimento de uma nova nação, a primeira deste século.

PACTO

A votação é fruto dos acordos de paz assinados entre o norte e o sul do Sudão em 2005, após duas décadas de uma guerra que deixou 2 milhões de mortos.

Desde esse pacto, o sul viveu com um governo autônomo e, com o tempo, os laços com o norte foram se apagando tanto no plano político quanto no militar e no econômico.

As mudanças se deram até mesmo na educação: até 2005, nas escolas do sul do Sudão se ensinava em árabe, mas desde o acordo de paz as aulas são em inglês, embora nas ruas de Juba as pessoas continuem falando árabe.

BASHIR

O longo caminho que seguiu o sul do Sudão até esta votação esteve repleto de obstáculos, incluindo os impostos pelo regime de Omar al Bashir, do norte, e seus partidários, pouco favoráveis aos desejos de secessão do sul.

Nas últimas semanas, no entanto, Bashir reconheceu que no plebiscito que começa neste domingo provavelmente a secessão se imporá, por isso declarou que é hora de pensar em como forjar uma nova relação entre as partes.

"Estamos negociando a forma de estabelecer uma união entre as duas partes, em defesa de nossos próprios interesses em temas de segurança, política econômica e desenvolvimento", afirmou Bashir em uma entrevista à emissora qatariana Al Jazeera.

Bashir foi cedendo conforme sua situação foi se agravando, depois que não conseguiu pôr fim ao conflito armado de Darfur, que eclodiu em 2003, e pelo que o Tribunal Penal Internacional considerou julgá-lo por seu papel nessa guerra.

Fontes políticas consultadas disseram que, se além disso, a secessão do sul for confirmada, Bashir pode se ver obrigado a tentar reforçar sua posição entre aqueles que o apoiam.

VIOLÊNCIA

Por enquanto, a situação prévia à votação se desenvolve sem graves conflitos. O único incidente mais grave foi registrado entre sexta-feira e este sábado na província de Unity, rica em petróleo, onde uma milícia local enfrentou forças militares, o que deixou seis insurgentes mortos.

As autoridades também encontraram dezenas de fuzis AK-47, um lança-granadas e uma metralhadora.

Nasser Nasser/AP
Policial sudanês faz guarda na entrada de posto de votação antes do referendo deste domingo
Policial sudanês faz guarda na entrada de posto de votação antes do referendo deste domingo

"Estas pessoas só estão tentando atrapalhar o plebiscito", afirmou o ministro do Interior do governo autônomo do Sul do Sudão, general Gier Chuang Aluong.

A lembrança dos que lutaram pela independência do sul está muito presente nos discursos públicos dos últimos dias, já que muitos habitantes da região tiveram pelo menos um parente que morreu no conflito armado.

No entanto, para o presidente do comitê organizador da votação, o juiz Chan Reec Madut, é hora de pensar no futuro e na vida.

Na sexta-feira, ele declarou em um ato público que "finalmente este passo [o plebiscito] se tornou uma realidade".

 

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