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Premiê interino da Tunísia diz que abandonará política após eleições
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DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS
O primeiro-ministro da Tunísia, Mohamed Ghanuchi, comprometeu-se a abandonar a política após o período de transição que culminará em eleições democráticas, em uma entrevista transmitida pela televisão nesta sexta-feira à noite.
Anunciou que "todas as leis antidemocráticas serão revogadas" durante a transição, ao falar da lei eleitoral e da antiterrorista e do código da imprensa, nesta entrevista concedida na sede do governo a dois jornalistas tunisianos independentes e gravada na quinta-feira à noite.
Comprometeu-se perante os tunisianos a não tocar no estatuto da mulher, que proíbe a poligamia, e a manter um ensino gratuito e o acesso à saúde.
Sob o regime de Ben Ali "tinha medo, como todos os tunisianos", afirmou o ex-chefe de governo do presidente deposto, que fugiu do país há uma semana, pressionado por uma revolta popular sem precedentes.
NOVOS PROTESTOS
Centenas de pessoas voltaram nesta sexta-feira às ruas de Túnis, capital da Tunísia, para pedir a saída dos ministros do ditador deposto Zine el Abidine Ben Ali, no primeiro dos três dias de luto oficial pelas cem vítimas dos confrontos entre manifestantes e forças de segurança.
Cerca de mil tunisianos se reuniram na avenida central de Habib Bourguiba da capital gritando palavras de ordem e reivindicando a retirada do governo de transição dos ministros aliados de Ben Ali.
Os manifestantes --em sua maioria sindicalistas e estudantes--, contudo, não citaram a Reunião Constitucional Democrática (RCD), o partido do poder do anterior regime ao que o governo expropriou todos os bens.
Finbarr O'Reilly/Reuters | ||
Manifestantes voltam às ruas de Túnis para protestar contra remanescentes do governo do ditador Ben Ali |
"Não aos ministros de Ben Ali" e "A revolução continua", gritavam os participantes, que percorreram a principal avenida da capital controlada por barreiras policiais que os impediram de avançar.
A passeata ainda contava com várias bandeiras da União Geral dos Trabalhadores Tunisianos (UGTT), sindicato que desempenhou um papel fundamental na organização das revoltas sociais que expulsaram Ben Ali.
Os três representantes da UGTT no Governo de transição --dois ministros e um secretário de Estado-- renunciaram esta semana em protesto pela presença em massa de ministros do regime anterior.
O movimento caiu pouco antes das 13h do horário local, para o momento de oração muçulmana das sextas-feiras.
O Ministério de Assuntos Religiosos insistiu nesta sexta-feira que os imames de todas as mesquitas do país rezassem "em memória dos mártires da revolução do povo tunisiano", segundo um comunicado divulgado pela agência oficial TAP.
As palavras dos imames eram aguardadas com certa expectativa nesta sexta-feira, já que sob o regime de Ben Ali se encontravam submetidos a uma intensa vigilância policial.
Apesar do pedido, não havia sinais visíveis de luto nacional nas ruas da capital tunisiana nesta sexta-feira, dia de oração nas mesquitas, onde pela primeira vez em 23 anos os sermões dos imãs não serão vigiados pela polícia.
Finbarr O'Reilly/Reuters | ||
Manifestantes são vistos através de bandeira; protestos derrubaram ditador que governava há 23 anos |
Nesta sexta-feira, dia de oração, as ruas do centro da capital estavam mais vazias que nos últimos dias. A maioria das lojas estava fechada, com exceção de cafés e padarias.
Editoria de Arte / Folhapress/Editoria de Arte / Folhapress |
O governo de transição decretou na noite de quinta-feira um período de luto nacional de três dias em memória das vítimas da Revolução de Jasmim, reprimida com violência pela polícia de Ben Ali, que atirou contra os manifestantes.
Esta revolução popular, a primeira do mundo árabe, levou à queda do presidente Ben Ali, depois de 23 anos de um regime autocrático e corrupto. Ben Ali fugiu da Tunísia na última sexta-feira para a Arábia Saudita.
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