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06/02/2011 - 07h00

Brasil atrapalha no Oriente Médio, diz relatório dos EUA

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PATRÍCIA CAMPOS MELLO
DE SÃO PAULO

A diplomacia americana encarava com desprezo as tentativas do Brasil de conquistar mais influência no Oriente Médio, segundo telegramas diplomáticos vazados pelo WikiLeaks.

Em despachos enviados a Washington entre abril de 2004 e dezembro de 2009, a embaixada americana caracterizou a política brasileira para a região como "mão pesada", "desajeitada", cheia de "generalidades anódinas" e "sem profundidade".

Os telegramas menosprezam a eficácia das duas cúpulas América do Sul-países árabes já realizadas.

A terceira aconteceria no dia 12 de fevereiro, no Peru, mas deve ser adiada por causa das turbulências no Egito.

"Até agora, as iniciativas do Brasil para o Oriente Médio são, na melhor das hipóteses, desajeitadas, e as declarações do governo brasileiro sobre questões-chave para a região atrapalham as negociações."

Essa análise, de julho de 2008, consta em um despacho do então embaixador americano em Brasília, Clifford Sobel.

No mesmo telegrama, os americanos listam iniciativas do governo brasileiro para a região consideradas "prejudiciais". Entre elas estão críticas do ex-chanceler Celso Amorim a Israel e aos EUA e declarações sobre o programa nuclear iraniano.

"As políticas prejudiciais e declarações equivocadas do Brasil sobre a região atrapalham a política dos EUA no Oriente Médio", diz o texto.

O documento diz ainda que o Itamaraty "subestimou as sensibilidades feridas por sua diplomacia mão pesada, mas não quer admitir que a cúpula e a visita de Amorim à região podem minar o processo de paz".

Outro despacho descreve uma conversa do atual chanceler Antonio Patriota, então chefe de gabinete de Amorim, com Sobel.

O embaixador americano pediu que o Brasil discutisse com os EUA suas iniciativas para a região. A resposta de Patriota teria sido que o Brasil "não precisa de permissão" dos EUA para conduzir sua política externa.

RABINO

Às vésperas de uma das cúpulas, o embaixador americano se reuniu com o rabino Henry Sobel. O rabino teria dito na ocasião que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva era "antissemita".

Em outros telegramas vazados pelo WikiLeaks, diplomatas americanos dizem que "as banalidades cheias de clichês do governo brasileiro mostram que eles [diplomatas brasileiros] não entendem o Oriente Médio. Só engrossam o coro anti-Israel".

Os americanos também relatam ceticismo na diplomacia árabe. Segundo um diplomata egípcio, as cúpulas América do Sul-países árabes e o envolvimento brasileiro no processo de paz "são tentativas transparentes do Brasil de fortalecer sua candidatura ao Conselho de Segurança da ONU".

A Folha e outros seis jornais do mundo têm acesso aos telegramas do WikiLeaks antes da sua divulgação no site da organização www.wikileaks.ch.

Colaborou FERNANDO RODRIGUES, de Brasília

 

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