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Advogado de ex-ditador da Libéria retira-se de julgamento
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DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS
O advogado de defesa do ex-presidente da Libéria Charles Taylor desafiou o tribunal de guerra da Serra Leoa nesta terça-feira, deixando a sala em protesto antes da apresentação dos argumentos de encerramento do caso e chamando a corte de "farsa".
Taylor, o primeiro governante africano a ser processado por crimes de guerra, é acusado de instigar assassinatos, estupro, mutilação, escravidão sexual e recrutamento de crianças-soldados durante uma violenta guerra civil em Serra Leoa. Ele nega as acusações.
O advogado de defesa Courtenay Griffiths deixou a sala depois que os juízes do Tribunal Especial para Serra Leoa decidiram na segunda-feira não permitir que a defesa anexasse um documento final de 600 páginas porque eles perderam o prazo, que ia até 14 de janeiro, para apresentá-lo.
A juíza-presidente Teresa Doherty advertiu Griffiths de que ele corria o risco de ser acusado de desacato, acusação pela qual pode ser preso ou multado.
Jerry Lampen/AP | ||
Ex-ditador da Libéria Charles Taylor, entre guardas, aguarda início dos argumentos da acusação em Haia |
"Nossa presença na corte é incompatível com a representação dos interesses do acusado", afirmou Griffiths.
"Isso é uma farsa completa, pois os juízes não terão a informação fundamental disposta na nossa consideração por escrito", disse depois o advogado a jornalistas, do lado de fora do tribunal.
A retirada inesperada, que fez lembrar o início do julgamento em junho de 2007, quando Taylor se recusou a comparecer, lança uma sombra sobre a audiência desta terça-feira, quando os promotores deveriam começar a apresentar os argumentos finais no caso que já dura mais de três anos.
A retirada não tornou o processo mais lento. Os promotores apresentaram evidências para mostrar que Taylor dirigiu os rebeldes da Frente Revolucionária Unida (RUF) numa campanha de terror contra os civis de Serra Leoa.
Depois que Griffiths se retirou, Taylor permaneceu na corte, já que os guardas lhe disseram que os juízes ordenavam a sua permanência, mas o ex-presidente não voltou depois do intervalo da manhã.
JULGAMENTO
O julgamento de Taylor entrou nesta terça-feira em sua etapa final, a última antes da fase de deliberações dos magistrados, quando a acusação e a defesa pronunciariam as alegações finais. A sentença deve ser definida no final de ano.
Taylor nega ter entregado armas aos rebeldes da RUF em Serra Leoa em troca de receber os chamados "diamantes de sangue" extraídos por eles.
Segundo seus advogados, o ex-líder é "um homem de paz" que somente tentou proteger a Libéria de possíveis ataques do país vizinho.
O tribunal não prevê em seus estatutos a pena de prisão perpétua, mas a detenção de longa duração e sem limite previsto. Assim, na prática, Taylor poderia morrer preso no Reino Unido, onde se espera que cumpra a sentença caso seja considerado culpado.
Ao longo do julgamento, foram ouvidas mais de 110 testemunhas, embora o momento de mais expectativa tenha acontecido em agosto de 2010, quando depôs a modelo Naomi Campbell, que o ditador teria presenteado com supostos "diamantes de sangue" com os quais financiava as guerrilhas.
A partir das declarações de Naomi, das de sua ex-agente Carole White e da atriz Mia Farrow, a acusação tentou demonstrar aos juízes que Taylor mentiu quando afirmou durante o julgamento que nunca havia colocado as mãos em diamantes brutos.
Apesar de as três mulheres terem afirmado que a modelo recebeu diamantes na noite seguinte a um jantar em 1997 na África do Sul, na residência do então presidente do país, Nelson Mandela, não concordaram no número das pedras --uma só, segundo Mia Farrow, três, segundo Naomi, cinco ou seis, segundo Carole.
Os promotores também terão dificuldades para provar que esses diamantes provinham dos "homens de Taylor", visto que a defesa do ex-presidente liberiano forçou Carole a reconhecer que somente "supunha" que quem levou os diamantes à modelo trabalhava para ele.
Conhecidas como "diamantes de sangue", as pedras preciosas em Serra Leoa eram extraídas com mão-de-obra escrava, boa parte da qual formada por crianças.
WIKILEAKS
O advogada de Taylor, Courtenay Griffiths, tem questionado a independência e a imparcialidade do tribunal. Ele disse que a defesa precisava de tempo para responder a um documento secreto da diplomacia dos Estados Unidos, vazado pelo site WikiLeaks, que sugeria que o processo contra Taylor era politicamente motivado.
A embaixadora americana na Libéria, Linda Thomas-Greenfield, escreveu em um telegrama de 10 de março de 2009 que se Taylor for absolvido ou receber uma sentença leve, seu retorno à Libéria poderia "fazer pender a balança em uma paz frágil".
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