Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
16/02/2011 - 14h33

Berlusconi recebe apoio político e recusa eleições antecipadas

Publicidade

DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

O primeiro-ministro italiano, Silvio Berlucosni, que a partir de abril deverá comparecer à Justiça devido ao caso que ficou conhecido como "Rubygate" --no qual é acusado de ter relações sexuais com uma menor de idade-- se mostrou decidido nesta quarta-feira a continuar no cargo graças ao apoio que recebeu do líder do Partido Liga do Norte, Umberto Bossi.

Os dirigentes da Liga, encabeçados por Bossi, realizaram uma reunião a portas fechadas com Berlusconi, na residência particular do primeiro-ministro em Roma, ao final da qual reiteraram seu apoio ao mandatário italiano.

"Nunca estivemos mais unidos ou mais decididos a seguir com a legislatura até o seu término natural [em 2013]", afirmou Berlusconi.

Christophe Simon/AFP
Berlusconi afirma que não está preocupado com julgamento por ter supostamente mantido relações sexuais com menor
Berlusconi afirma que não está preocupado com julgamento por ter supostamente mantido relações sexuais com menor

"A única coisa que posso dizer é que em absoluto estou preocupado [com o julgamento]", respondeu, ao ser indagado pela imprensa durante uma coletiva sobre ajuda às pequenas e médias empresas.

Berlusconi, que depende do apoio do movimento anti-imigração de Bossi, se mostrou convencido de que tem apoio suficiente do Parlamento para seguir governando e que pretende inclusive ampliar a maioria de seu partido, o Povo da Liberdade.

"Chegaremos a 325 deputados", afirmou o primeiro-ministro, que excluiu de novo a possibilidade de eleições antecipadas, como exige a oposição de esquerda e setores da opinião pública.

O governo de direita de Berlusconi conta com uma pequena maioria parlamentar desde que o presidente da Câmara dos Deputados, Gianfranco Fini, rompeu com o primeiro-ministro em agosto do ano passado e fundou sua nova formação, o partido Futuro e Liberdade, com outros 35 deputados.

A Justiça italiana determinou na terça-feira o julgamento imediato de Berlusconi, um procedimento particularmente rápido e previsto pelo Código Penal italiano, em função da acusação de ter contratado uma prostituta menor de idade e ter abusado de sua função a favor dela.

'RUBYGATE'

Berlusconi é acusado de ter pagado por serviços sexuais de Ruby, como a jovem marroquina Karima el Mahroug é conhecida, entre fevereiro e maio de 2010, quando ela ainda era menor. Além disso, o primeiro-ministro teria pressionado a polícia de Milão para que soltassem a jovem, após ela ter sido presa por roubo na noite de 27 para 28 de maio.

Tanto Berlusconi, 74, quanto Ruby, 18 anos desde novembro passado, negaram terem mantido relações sexuais. A jovem apenas admitiu ter participado de jantares 'normais e comportados'.

Segundo a defesa de Berlusconi, ele tentou liberar a jovem pois acreditava que ela era a sobrinha do então ditador egípcio Hosni Mubarak e queria preservar as boas relações com o país árabe.

Massimo Percossi/Daniel Dal Zennaro/Efe
O premiê Silvio Berlusconi, acusado de prostituição de menores em caso envolvendo a marroquina Ruby R.
O premiê Silvio Berlusconi, acusado de prostituição de menores em caso envolvendo a marroquina Ruby R.

No entanto, o jornal "La Reppublica" desta quarta-feira publica que Berlusconi sabia que a jovem marroquina era menor de idade em março de 2010 e manteve supostamente relações sexuais em abril e maio.

A jovem contou à Promotoria que no princípio disse ter 24 anos, mas depois confessou a Berlusconi ser menor de idade quando o líder quis dar a ela um apartamento em Milão.

Na noite do primeiro encontro, em 14 de fevereiro, Ruby entrou no quarto com o primeiro-ministro, e Berlusconi deu "a ela 50 mil euros, uma quantia que nunca havia visto junta" em sua vida.

Pelo interrogatório de Ruby R. feito pela Promotoria e as intercepções telefônicas, foi possível descobrir que após o primeiro encontro com Berlusconi, eles não falaram em outro assunto a não ser sexo e que o líder se mostrava disposto a pagar muito dinheiro por isso.

Ficou comprovado por meio das intercepções telefônicas que Karima esteve na residência de Berlusconi em Arcore (perto de Milão) 15 noites em 77 dias --a primeira vez em 14 de fevereiro e a última em 2 de maio de 2010. Durante os 77 dias, ela falou por telefone com Berlusconi 67 vezes.

A própria Ruby narrou à Promotoria que, em fevereiro, Berlusconi acreditava que ela tinha 24 anos, mas em março quando ofereceu um apartamento a ela em Milão, de graça e por cinco anos, Karima percebeu que tinha um problema porque havia mentido.

"Menti para Berlusconi e disse que tinha 24 anos e que era egípcia. Quando me propôs a casa, não pude mentir mais. Disse a verdade, que era menor de idade e que não tinha documentos", acrescentou.

Berlusconi não se surpreendeu, nem se afastou imediatamente e propôs o que agora utiliza a Promotoria pela acusação de abuso de poder: "Diga que é sobrinha de Mubarak, assim poderá justificar todo o dinheiro que coloquei a sua disposição", comentou.

Niccolo Ghedini, advogado do primeiro-ministro, deve contestar a competência do tribunal de Milão na Câmara dos Deputados, onde a coalizão no poder é majoritária. Para o defensor, o Rubygate é um caso da competência do "tribunal de ministros", uma bancada de magistrados que deve estar em Milão para julgar o primeiro-ministro por uma infração cometida durante suas funções.

O bilionário não é obrigado a assistir ao processo, mas desde a revogação parcial de uma lei que lhe dava imunidade penal por 18 meses pela Corte Constitucional, no dia 13 de janeiro, ele deve justificar cada vez que tiver um "impedimento legítimo" que inviabilize sua presença.

ESCÂNDALOS

O Rubygate é o terceiro escândalo sexual no qual Berlusconi se envolveu. Em maio de 2009, houve o caso Noemi, uma menor com quem Berlusconi se encontrava e que acabou levando a mulher do chefe de governo a pedir o divórcio, e, em junho de 2009, o caso D'Addario, uma prostituta que tornou pública uma noite tórrida com Berlusconi.

Mas este é o caso mais grave, já que é passível de três anos de prisão por prostituição e doze anos de reclusão por abuso de poder.

O Rubygate se soma a outros três processos penais contra Berlusconi que vão retomar entre o fim de fevereiro e início de março.

 

Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página