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21/02/2011 - 14h23

Gaddafi pode estar indo para a Venezuela; Caracas nega

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DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

O ministro de Relações Exteriores do Reino Unido, William Hague, afirmou nesta segunda-feira ter tido acesso a informações que sugerem que o ditador da Líbia, Muammar Gaddafi --que enfrenta desde a semana passada protestos contra seu governo em diversas cidades-- teria deixado o país e está a caminho da Venezuela.

"Vocês me perguntaram mais cedo sobre se o coronel Gaddafi está na Venezuela", disse a repórteres que acompanham a reunião de chanceleres da União Europeia (UE) em Bruxelas. "Eu não tenho nenhuma informação que diga que ele está, mas eu vi algumas informações que sugerem que ele está a caminho de lá neste momento."

Diplomatas afirmaram que Hague não estava se referindo a rumores que circulam na mídia sobre o paradeiro de Gaddafi, mas a diferentes fontes de informação.

Yves Logghe/AP
O chanceler britânico, William Hague, diz em Bruxelas que Gaddafi pode estar indo para a Venezuela
O chanceler britânico, William Hague, diz em Bruxelas que Gaddafi pode estar indo para a Venezuela

No entanto, uma alta fonte do governo do presidente Hugo Chávez negou que Gaddafi esteja viajando para a Venezuela.

A afirmação do chanceler britânico foi feita em meio a intensos protestos na Líbia contra Gaddafi e seus 42 anos de governo autoritário. Intensa repressão já deixou ao menos 233 mortos, segundo informou nesta segunda-feira a ONG sediada em Nova York Human Rights Watch. Já a Federação Internacional de Direitos Humanos (FIDH) calcula entre 300 e 400 pessoas foram mortas desde o início da rebelião.

A FIDH relatou ainda que manifestantes antirregime assumiram o controle de cidades líbias e que militares estão desertando.

"Muitas cidades foram tomadas, principalmente no leste. Os militares estão debandando", declarou a presidente da FIDH, Souhayr Belhassen, citando principalmente Benghazi, reduto da oposição, e Syrta, cidade natal do coronel de Gaddafi.

A emissora de TV NTV, citando um trabalhador turco, informou que a cidade de Jalu, localizada cerca de 400 quilômetros ao sul de Benghazi, também foi controlada pelos opositores do regime.

"O controle está totalmente nas mãos da população. Não há forças de segurança, não há polícia. Estamos sujeitos à vontade e ao controle do povo", relatou Mustafa Karaoglu, que trabalha na cidade --de cerca de 3.500 habitantes--, onde um grupo de trabalhadores estrangeiros se mantém reclusos em seus locais de trabalho.

Benghazi, onde os protestos começaram na semana passada após a prisão de um advogado de direitos humanos e onde dezenas de pessoas foram mortas por forças de segurança, está efetivamente sob controle dos manifestantes, de acordo com alguns moradores da localidade.

Um avião da Turkish Airlines que tentava aterrissar em Benghazi foi forçado a sobrevoar o aeroporto e retornar a Istambul.

Os manifestantes em Benghazi tiraram a bandeira líbia que ficava no prédio do principal tribunal da cidade e, em seu lugar, colocaram a bandeira da antiga monarquia do país, derrubada em 1969 em um golpe militar que levou Gaddafi ao poder.

CAPITAL

A onda de protestos anti-Gaddafi chegou neste domingo à capital, Trípoli, que até agora tinha sido palco apenas de manifestações favoráveis ao ditador.

Dezenas de pessoas foram mortas em Trípoli durante a noite durante protestos contra Gaddafi. Jornalistas informaram que a sede central do governo, o prédio do Ministério da Justiça e o Parlamento estavam em chamas nesta segunda-feira.

A emissora de TV árabe Al Jazeera, citando fontes médicas, afirmou que 61 pessoas foram mortas nos últimos protestos em Trípoli.

Segundo a TV, forças de segurança estavam saqueando bancos e outras instituições governamentais na capital e que manifestantes invadiram diversas delegacias da cidade e as destruíram.

O prédio onde o Congresso Geral do Povo --o Parlamento-- se reúne quando está em sessão em Trípoli estava ardendo em chamas na segunda-feira, informou um repórter da agência de notícias Reuters.

Mais cedo, o jornalista líbio Nezar Ahmed disse à Al Jazeera que manifestantes haviam ateado fogo à sede central do governo líbio e ao prédio que abriga o Ministério da Justiça na capital do país.

Da capital líbia, Ahmed também assegurou que as forças de segurança praticamente se retiraram da cidade e que várias delegacias e outros prédios públicos também foram saqueados ou incendiados.

"Praticamente não há forças da ordem. Não se sabe aonde foram. Esta situação favorece os rumores alarmantes", explicou o jornalista, que mencionou como um deles a possível fuga de Gaddafi do país e divergências entre altos dirigentes do Exército e de outros corpos de segurança.

Reuters
Imagem sem data colocada no Facebook mostra manifestantes em telhado de prédio, possivelmente em Benghazi
Imagem sem data colocada no Facebook mostra manifestantes em telhado de prédio, possivelmente em Benghazi

Segundo Ahmed, há apenas um cordão policial em torno da sede da rede de televisão estatal Libya TV.

Testemunhas disseram à agência de notícias France Presse que o prédio que servia de sede para um canal de televisão e uma rádio pública foi saqueado no domingo à noite por manifestantes em Trípoli.

"Um local que abrigava o canal Al-Jamahiriya 2 e a rádio Al-Shababia foi saqueado", afirmou uma testemunha, que pediu anonimato. A programação do canal e da emissora de rádio foi retomada nesta segunda-feira.

A Al-Jamahariya 2, segundo canal público, e a rádio Al-Shababia foram criadas por um dos filhos de Gaddafi, Seif al Islam, em 2008, antes de serem nacionalizadas.

Seif al Islam foi à TV estatal para afirmar que seu pai continua no poder --com apoio do Exército-- e que irá "lutar até o último homem, a última mulher, a última bala".

Mas, até mesmo durante seu pronunciamento, na noite de domingo, confrontos foram registrados nas proximidades e na praça Verde, no centro de Trípoli, durando até a madrugada de segunda-feira, segundo testemunhas.

Elas informaram que atiradores abriram fogo contra a multidão que tentava assumir o controle da praça, e partidários de Gaddafi passavam pelo local em veículos a altas velocidades, atirando e indo para cima dos manifestantes.

Os protestos e a violência foram os mais fortes até agora na capital, um sinal de que a revolta está se espalhando após seis dias de demonstrações anti-Gaddafi em cidades do leste do país.

BAIXAS

O ministro da Justiça líbio, Mustafa Abdeljalil, apresentou nesta segunda-feira sua demissão em protesto "pela sangrenta situação" de seu país, afirmou o jornal eletrônico "Quryna", próximo a Seif el Islam Gaddafi --um dos filhos do ditador líbio, Muammar Gaddafi.

Abdeljalil, que confirmou sua saída em conversar por telefone com o jornal, explicou que tomou a decisão diante da "excessiva utilização de violência" contra manifestantes por parte das forças de ordem.

A demissão é a primeira de um alto funcionário do governo desde o início dos protestos, na semana passada, contra o governo de Gaddafi. Mas a dura repressão aos protestos já havia causado uma onda de demissão de embaixadores líbios em diversos países.

O embaixador líbio na Índia, Ali al Issawi, disse à BBC que decidiu deixar o cargo em protesto contra o uso de violência por parte do governo e afirmou que mercenários estrangeiros foram mobilizados para atuar contra cidadãos líbios.

Reuters
Manifestantes se reúnem supostamente em Benghazi nessa imagem sem data colocada na rede social Facebook
Manifestantes se reúnem supostamente em Benghazi nessa imagem sem data colocada na rede social Facebook

O embaixador da Líbia junto à Liga Árabe, Abdel Moneim al Honi, disse a jornalistas, no Cairo, que está se unindo à revolução. Outra baixa foi o embaixador líbio na China.

Países ocidentais expressaram preocupação com o aumento da violência contra manifestantes antigoverno na Líbia.

O chanceler britânico, William Hague, disse ter conversado com Seif al Islam por telefone e que lhe disse que o país deve começar um "diálogo e a implementação de reformas".

 

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