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25/02/2011 - 11h08

Berlusconi diz que agiu de 'boa-fé' ao tentar libertar dançarina

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DA ANSA, EM ROMA
DE SÃO PAULO

O primeiro-ministro da Itália, Silvio Berlusconi, afirmou nesta sexta-feira que agiu de "boa-fé" ao pedir a libertação da marroquina Karima El Mahroug --conhecida como Ruby R.--, que estava detida em um centro de reabilitação por furto.

"Asseguro que agi de boa-fé. Aquele telefonema eu dei de boa-fé", disse Berlusconi.

A Procuradoria de Milão acusa o chefe de governo de manter relações sexuais com menores de idade, entre elas Ruby. As investigações apontam que a jovem participou de festas promovidas na casa do premier em Arcore, no ano passado, quando tinha 17 anos.

Pier Paolo Cito/AP
Silvio Berlusconi em cerimônia de abertura do ano acadêmico; premiê diz que agiu de boa-fé ao tentar libertar Ruby
Silvio Berlusconi em cerimônia de abertura do ano acadêmico; premiê diz que agiu de boa-fé ao tentar libertar Ruby

Os promotores também defendem que Berlusconi teria extorquido agentes de segurança para libertar Ruby do centro de detenção.

O chefe de governo teria telefonado à prisão e dito que a marroquina era sobrinha do então ditador do Egito, Hosni Mubarak. Ele pediu para que ela fosse confiada à conselheira regional Nicole Minetti, do partido governista Povo da Liberdade (PDL), a fim de evitar um conflito diplomático.

"Não cometi nenhum crime e, por isso, não me arrependo", ratificou o primeiro-ministro da Itália.

Está agendada para o próximo dia 6 de abril uma audiência na qual Berlusconi irá responder pelos crimes de concussão --abuso de poder-- e prostituição de menores.

O julgamento está previsto para iniciar às 9h30 locais, e será presidido pelas juízas Carmen D'Elia, Orsolina De Cristofaro e Giulia Turri, do Tribunal de Milão.

ESCÂNDALO

Berlusconi é acusado de ter pagado por serviços sexuais de Ruby, como a jovem marroquina Karima el Mahroug é conhecida, entre fevereiro e maio de 2010, quando ela ainda era menor. Além disso, o premiê teria pressionado a polícia de Milão para que soltassem a jovem, após ela ter sido presa por roubo na noite de 27 para 28 de maio.

Tanto Berlusconi, 74, quanto Ruby negaram terem mantido relações sexuais. A jovem apenas admitiu ter participado de jantares 'normais e comportados'.

Segundo a defesa de Berlusconi, ele tentou liberar a jovem pois acreditava que ela era a sobrinha do então ditador egípcio Hosni Mubarak e queria preservar as boas relações com o país árabe.

No entanto, o jornal "La Reppublica" publicou que Berlusconi sabia que a jovem marroquina era menor de idade em março de 2010 e manteve supostamente relações sexuais em abril e maio.

A jovem contou à Promotoria que no princípio disse ter 24 anos, mas depois confessou a Berlusconi ser menor de idade quando o líder quis dar a ela um apartamento em Milão.

Na noite do primeiro encontro, em 14 de fevereiro, Ruby entrou no quarto com o primeiro-ministro, e Berlusconi deu "a ela 50 mil euros, uma quantia que nunca havia visto junta" em sua vida.

Pelo interrogatório de Ruby R. feito pela Promotoria e as intercepções telefônicas, foi possível descobrir que após o primeiro encontro com Berlusconi, eles não falaram em outro assunto a não ser sexo e que o líder se mostrava disposto a pagar muito dinheiro por isso.

Ficou comprovado por meio das intercepções telefônicas que Karima esteve na residência de Berlusconi em Arcore (perto de Milão) 15 noites em 77 dias --a primeira vez em 14 de fevereiro e a última em 2 de maio de 2010. Durante os 77 dias, ela falou por telefone com Berlusconi 67 vezes.

A própria Ruby narrou à Promotoria que, em fevereiro, Berlusconi acreditava que ela tinha 24 anos, mas em março quando ofereceu um apartamento a ela em Milão, de graça e por cinco anos, Karima percebeu que tinha um problema porque havia mentido.

Giuseppe Cacace/AFP
Dançarina marroquina Ruby, pivô do mais recente escândalo sexual envolvendo o primeiro-ministro da Itália
Dançarina marroquina Ruby, pivô do mais recente escândalo sexual envolvendo o primeiro-ministro da Itália

"Menti para Berlusconi e disse que tinha 24 anos e que era egípcia. Quando me propôs a casa, não pude mentir mais. Disse a verdade, que era menor de idade e que não tinha documentos", acrescentou.

Berlusconi não se surpreendeu, nem se afastou imediatamente e propôs o que agora utiliza a Promotoria pela acusação de abuso de poder: "Diga que é sobrinha de Mubarak, assim poderá justificar todo o dinheiro que coloquei a sua disposição", comentou.

O Rubygate é o terceiro escândalo sexual no qual Berlusconi se envolveu. Em maio de 2009, houve o caso Noemi, uma menor com quem Berlusconi se encontrava e que acabou levando a mulher do chefe de governo a pedir o divórcio, e, em junho de 2009, o caso D'Addario, uma prostituta que tornou pública uma noite tórrida com Berlusconi.

Mas este é o caso mais grave, já que é passível de três anos de prisão por prostituição e doze anos de reclusão por abuso de poder.

O Rubygate se soma a outros três processos penais contra Berlusconi que vão retomar entre o fim de fevereiro e início de março.

 

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