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05/03/2011 - 16h29

Bengaleses que saíram da Líbia são últimos na fila da repatriação

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FERNANDO PRIETO ARELLANO
DA EFE, EM RAS EL JEDIR (TUNÍSIA)

Os refugiados de Bangladesh que cruzaram a fronteira com a Tunísia aos milhares fugindo da rebelião líbia são os últimos da fila das repatriações, já que quase não há ninguém que assuma a responsabilidade por eles oficialmente.

O campo de refugiados de Choucha, situado a cerca de 8 quilômetros da fronteira tunisiana de Ras el Jedir, estava nesta sexta-feira repleto de cidadãos de Bangladesh, que nos três últimos dias substituíram os egípcios como o maior contingente à espera de repatriação.

Ao contrário dos egípcios, que têm embaixada na Tunísia e que apesar das dificuldades conseguiram ficar a cargo de seus cidadãos, os refugiados de Bangladesh não têm representação diplomática no país norte-africano e se encontram na expectativa de que alguma organização internacional tome a iniciativa de repatriá-los.

Fontes do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) em Choucha disseram neste sábado que das 20 mil pessoas que se encontram neste acampamento, que está cada vez maior, "a grande maioria é de Bangladesh" e "continua esperando a repatriação porque ninguém se responsabiliza por eles".

"As organizações humanitárias vão assumir o trâmite da repatriação dos cidadãos de Bangladesh, mas o processo vai ser lento", relataram as fontes.

Atualmente, em Choucha há também alguns refugiados do Sudão, Madagascar e Iraque.

A ONG Telecom Sans Frontieres (TSF), dedicada a possibilitar comunicação a longa distância, instalou em Choucha um posto de telefonia via satélite desde o qual os refugiados podem ligar para suas casas, de graça, três minutos por cada dia.

Choucha segue crescendo cada vez mais. Das poucas tendas que o Exército tunisiano instalou com seus próprios meios e sem ajuda externa nos primeiros dias do êxodo, que começou no dia 20 de fevereiro, ocorreu uma enorme extensão sobre o deserto, no qual se vê de longe as barracas brancas com o logotipo do Alto Comissário das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur).

Embora as autoridades tunisianas, agora apoiadas pelas organizações humanitárias internacionais, cuidem para que o acampamento se mantenha em condições aceitáveis de salubridade, o certo é que o número de refugiados é tão elevado que os resíduos e o lixo se espalham por todas as partes.

Enquanto isso, na fronteira tunisiana de Ras el Jedir persiste a mesma situação de calma registrada nas últimas 24 horas, e nenhum grupo de refugiados chegou ao lado líbio da fronteira, que se encontra praticamente deserto.

Continuam circulando as versões, por enquanto não confirmadas, de que grupos de refugiados tenham sido retidos a quilômetros dali pelas forças leais ao líder líbio, Muammar Gaddafi, e que estejam sendo impedidos de prosseguir.

Por esta passagem transitavam neste sábado veículos privados líbios, que cruzavam a fronteira em um número notavelmente superior ao de dias passados.

Segundo fontes da polícia tunisiana, trata-se de comerciantes que fazem esse trajeto habitualmente, embora o certo é que esse fluxo de veículos, que em alguns momentos até fazem fila para passar, não tinha sido visto nos últimos dias.

Segundo a ONU, na quinta-feira passada houve uma queda do número de pessoas que cruzaram a fronteira, que passou de 10 a 15 mil por dia a 2.000, depois de que homens fortemente armados e ligados ao regime de Gaddafi tomaram o controle da fronteira do lado líbio.

Segundo números oficiais, aproximadamente 180 mil pessoas já saíram do território líbio desde que começou o conflito e em sua maioria se dirigiram a fronteira da Tunísia, Egito e Níger.

 

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