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07/03/2011 - 12h29

Otan ameaça intervir se Gaddafi não acabar com violência

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DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

A Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) aumentou nesta segunda-feira a pressão internacional sobre o ditador líbio, Muammar Gaddafi. O secretário-geral da aliança, Anders Fogh Rasmussen, exigiu uma transição rumo à democracia e advertiu que pode haver reação militar se Gaddafi continuar usando a força para conter a revolta popular.

"Se Gaddafi e suas forças militares continuarem atacando sistematicamente a população, não posso imaginar que a comunidade internacional fique somente olhando", disse Rasmussen, acrescentando: "Muita gente pelo mundo se verá tentada a dizer: "façamos algo para deter este massacre"".

Rasmussen ressaltou, contudo, que a aliança não tem prevista nenhuma ação militar e só agira se for solicitada e contar com um mandato apropriado da ONU (Organização das Nações Unidas).

Marco Longari/AFP
Rebeldes líbios se protegem quando bomba é lançado por avião das forças de Gaddafi nos arredores de Ras Lanuf
Rebeldes líbios se protegem quando bomba é lançado por avião das forças de Gaddafi em Ras Lanuf

"A Otan não tem intenção de intervir, mas como organização de segurança nossa obrigação é fazer um planejamento prudente para qualquer eventualidade", explicou Rasmussen em entrevista coletiva.

Os analistas da Otan estão elaborando planos sobre possíveis cenários da revolta --o que inclui uma intervenção militar.

"Temos de estar prontos para agir rapidamente", afirmou Rasmussen.

Sem querer antecipar possíveis eventos, o secretário-geral da Otan deixou claro que a comunidade internacional não permanecerá impassível se os ataques do regime de Gaddafi contra a população continuarem.

Outra opção é aplicar uma zona de exclusão aérea sobre a Líbia, ideia que alguns países tentam levar adiante para impedir os bombardeios da Força Aérea leal a Gaddafi.

A Otan já realizou duas missões de exclusão aérea na década de 1990, uma durante a guerra da Bósnia-Herzegovina e outra no conflito do Kosovo.

Rasmussen afirmou que essa ação requer um "amplo leque de recursos militares" e lembrou que a resolução sobre a Líbia aprovada por enquanto pelo Conselho de Segurança da ONU não prevê o uso da força.

Mais cedo, o Ministério de Relações Exteriores da França afirmou que a Liga Árabe é favorável à criação da zona de exclusão aérea na Líbia. O apoio da Liga, sempre muito resistente a qualquer tipo de intervenção, pode acabar com as reservas de alguns dos países membros do Conselho na hora de adotar a medida.

CONFRONTOS

Nesta segunda-feira, as forças do governo atacaram a cidade petrolífera de Ras Lanuf e combateram as tropas rebeldes em Bin Zawad e Zawiya.

Um jato desferiu um ataque aéreo nas imediações ao leste da cidade de Ras Lanuf, dominada pelos rebeldes, 600 quilômetros a leste da capital Trípoli na segunda-feira, afirmaram testemunhas.

"Havia uma aeronave, ela disparou dois foguetes, não houve mortes", disse à Reuters Mokhtar Dobrug, combatente rebelde que testemunhou o ataque. O ataque ocorreu em um dos dois postos de fiscalização da cidade.

Suhaib Salem /Reuters
Homem chora em túmulo de rebeldes mortos em confrontos pelo fim do regime de Gaddafi, em Benghazi
Homem chora em túmulo de rebeldes mortos em confrontos pelo fim do regime de Gaddafi, em Benghazi

O ataque seguiu o padrão de boa parte dos confrontos recentes, que têm sido erráticos e inconstantes, com pequenos grupos se enfrentando, no estilo de guerrilhas. Os ataques aéreos têm sido vacilantes e os bombardeios, em geral, imprecisos. Em algumas áreas, o domínio em terra vai e vem sem um resultado conclusivo.

Mas a resistência das tropas de Gaddafi diante dos protestos iniciados em meados de fevereiro e a capacidade de lançar contra-ataques aumentaram a perspectiva de que o país se dirige a um confronto prolongado.

"Está claro que o governo tem a percepção de que a vantagem do momento está ao seu lado", disse o analista militar Shashank Joshi, pesquisador associado do Royal United Services Institute, do Reino Unido.

"As forças do governo têm uma mobilidade maior do que os rebeldes graças ao transporte aéreo e uma quantidade considerável de transporte rodoviário."

"Isso é ofuscado pelo fato de que observamos uma capacidade de luta extremamente precária das forças de governo, e o combate razoavelmente competente dos rebeldes."

ZAWYIA

Uma organização de oposição disse que as forças leais ao ditador lançaram também uma nova ofensiva em Zawiya, um dos redutos rebeldes a apenas 50 km oeste da capital.

Não foi possível verificar de maneira independente o relato, já que o contato com os moradores da cidade é prejudicado pelos ataques.

O grupo Solidariedade Direitos Humanos na Líbia, que tem estado em contacto com os rebeldes, relataram que houve intensos combates em Zawiya na manhã de segunda-feira.

Goran Tomasevic/Reuters
Rebelde atira em aeronave das forças pró-Gaddafi em Ras Lanuf; bombardeios não deixou vítimas
Rebelde atira em aeronave das forças pró-Gaddafi em Ras Lanuf; bombardeio não deixou vítimas

Em um comunicado enviado por email, o grupo disse que os rebeldes conseguiram capturar soldados pró-Gaddafi, que admitiram que foram instruídos a retomar a cidade até quarta-feira.

Um jornalista que estava perto da cidade nesta segunda-feira disse ter ouvido disparos de artilharia e visto fumaça subindo acima de Zawiya.

A televisão estatal mostrou imagens identificadas como uma base militar em Zawiya que havia sido recapturada por rebeldes na sexta-feira (4), mas não deu explicações;

Funcionários do Ministério de Relações Exteriores disseram a jornalistas estrangeiros em Trípoli que uma visita seria organizada pelo país e que eles poderiam ir a qualquer local para relatar os acontecimentos.

Os repórteres, contudo, foram impedidos de entrar em Zawiya e em outras cidades perto da capital sem escolta oficial. Horas depois do horário previsto para partida, eles aguardavam a viagem organizada pelo governo.

 

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