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07/03/2011 - 16h48

Turquia prende 5 pessoas acusadas de conspirar contra governo

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DA FRANCE PRESSE, EM ISTAMBUL
DE SÃO PAULO

Um estudante universitário e quatro jornalistas turcos foram presos nesta segunda-feira, acusados de envolvimento em uma suposta conspiração contra o governo islâmico-conservador do país, elevando assim a sete o número de suspeitos detidos por uma polêmica investigação.

Três jornalistas do site odatv.com, muito crítico ao governo, o polemista Yalcin Kuzuk, e um assistente de pesquisas universitárias foram acusados por um tribunal de Istambul e presos por seus supostos laços com a rede golpista Ergenekon, informou a agência de notícias Anatolia.

Kuzuk, conhecido por suas críticas ácidas contra o Partido da Justiça e do Desenvolvimento (AKP, atualmente no poder), já havia sido detido em 2009 por uma investigação sobre a rede, mas acabou liberado pouco depois.

Diante da onda de protestos provocada na Turquia pelas prisões, o promotor de Istambul afirmou que os jornalistas não foram acusados por seus textos, e sim devido a "provas que não podem ser reveladas".

No domingo, um tribunal turco ordenou que dois conhecidos jornalistas investigativos sejam presos enquanto aguardam o resultado de um julgamento sobre um suposto complô para derrubar o governo do país, gerando novas preocupações sobre a liberdade de imprensa na Turquia.

Nedim Sener e Ahmet Sik foram acusados de ter ligações com a suposta conspiração para derrubar o governo do primeiro-ministro Recep Tayyip Erdogan em 2003.

AP
Os jornalistas Nedim Sener (à esq.) e Ahmet Sik, que tiveram prisão ordenada pela Justiça turca
Os jornalistas Nedim Sener (à esq.) e Ahmet Sik, que tiveram prisão ordenada pela Justiça turca

Cerca de 400 suspeitos estão atualmente sob julgamento por participação na suposta rede secularista linha-dura Ergenekon, a qual promotores acusam de planejar para criar caos na Turquia e derrubar o governo.

O governo insiste que o julgamento está reforçando o regime democrático no país ao ajudar a desvendar obscuras redes ligadas a instituições do Estado que antes operavam com impunidade.

Críticos afirmam que o governo está usando o caso Ergenekon para prender os inimigos seculares de Erdogan e enfraquecer o legado turco laico. Eles dizem que não há evidência sólida contra muitos dos acusados e denunciam o longo período em que estão presos.

Neste domingo, o presidente Abdullah Gul foi citado expressando preocupações de que as prisões estejam prejudicando um país que muitos têm visto como um modelo de democracia para nações da região.

"'Quando acompanho os acontecimentos, a impressão que tenho é que há certos desenvolvimentos que a consciência pública não pode aceitar", disse em entrevista publicada pelo jornal "Milliyet". "Isso está colocando uma sombra sobre o nível que a Turquia atingiu e a imagem que é louvado por todos. Estou preocupado com isso."

Erdogan e outros membros do governo têm insistido que o caso está sendo tratado por um Judiciário independente e que não têm nada a ver com as prisões.

As prisões dos jornalistas ocorrem em meio ao aumento de casos abertos contra repórteres por promotores.

A Associação Turca de Jornalistas afirma que milhares de profissionais enfrentam acusações, e que cerca de 60 estão atualmente presos por suas matérias.

Além disso, grandes multas fiscais contra o grupo Dogan, proprietário de veículos de mídia de orientação secular, incluindo o jornal "Hurriyet", são vistas por alguns como um ataque orquestrado pelo governo contra críticos na imprensa.

 

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