Justiça argentina arquiva ação sobre voo suspeito dos EUA

A Justiça da Argentina arquivou nesta quinta-feira, por ausência de delito, a investigação aberta para apurar se os Estados Unidos cometeram crime ao enviar para o país equipamentos militares não declarados, como alegava o governo de Cristina Kirchner.

Após receber um informe da Aduana, que participou da apreensão de um terço da carga transportada num avião americano, a ação foi encerrada por não haver "delito" nem "contrabando de armas".

A aeronave do Exército dos EUA foi barrada no aeroporto de Ezeiza, na grande Buenos Aires, no mês passado, e abriu um incidente diplomático entre os países.

O governo argentino acusou a Casa Branca de enviar ao país armas e equipamentos de espionagem não declarados, além de drogas (como morfina) vencidas. O material seria usado num curso que militares americanos dariam à Polícia Federal argentina.

Washington admitiu que parte da carga não foi declarada, mas alegou que a Argentina sabia de todo o material que estava no avião.

O governo argentino ameaçou destruir os equipamentos, mas agora, com o arquivamento da investigação, eles devem ser devolvidos aos EUA, como reclamado pela Casa Branca.

O mal estar entre os países começou em janeiro a partir das análises negativas da diplomacia americana sobre a Argentina expostas nos cabos do WikiLeaks. Em fevereiro, com a Argentina preterida do giro que Barack Obama fará neste mês pela América Latina, houve nova escalada nas críticas, culminando no incidente da carga militar apreendida.

O tom anti-americano adotado pela Casa Rosada também é um reflexo da disputa eleitoral no país, que terá eleições presidenciais em outubro. Cristina Kirchner faz suspense sobre sua candidatura à reeleição.