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Rússia critica ofensiva na Líbia e diz que ultrapassa resolução da ONU
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DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS
As autoridades russas não pouparam críticas nesta segunda-feira à ofensiva militar ocidental contra a Líbia. A operação é baseada na resolução 1973 do COnselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas), a qual a Rússia de absteve de votar na quinta passada (17).
O premiê, Vladimir Putin, disse que a resolução, que autorizou o uso da força para proteger os civis na Líbia, lembra as "convocações às Cruzadas", um termo que o ditador líbio, Muammar Gaddafi, já havia usado para criticar a ofensiva internacional em seu país.
"É evidente que [a resolução] autoriza a fazer tudo a todo o mundo, independente da ação contra um Estado soberano. Isto me faz pensar nas convocações às Cruzadas da época da Idade Média, quando as pessoas eram chamadas para ir a algum lugar e libertá-lo", disse Putin.
O premiê denunciou ainda o uso da força contra outros países o que, segundo ele, constitui uma tendência marcada dos Estados Unidos, segundo as agências russas.
"O que me inquieta é a rapidez com que hoje são tomadas as decisões no que diz respeito ao uso da força nos assuntos internacionais", completou, antes de afirmar que "isto se torna uma tendência marcada e uma constante na política dos Estados Unidos".
ALÉM
Já o embaixador russo na Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), Dmitri Rogozin, disse que os ataques aéreos e navais promovidos pela coalizão internacional excedem os marcos da resolução.
"Acredito que os ataques contra instalações que não são relacionadas com a aviação saem dos objetivos assinalados e não correspondem com a resolução do Conselho de Segurança", disse Rogozin em declarações à agência Interfax.
A coalizão bombardeou durante o fim de semana as forças de Gaddafi perto de Benghazi, reduto da oposição no leste, cerca de 20 alvos do sistema de defesa aéreo no oeste do país e destruíram um prédio do complexo residencial onde o ditador vive.
A Líbia diz que o ataque está atingindo civis e que ao menos 48 pessoas morreram. Uma fonte do Ministério de Saúde chegou a falar em 64 mortos, mas o saldo não foi confirmado.
Na véspera, a Chancelaria russa pediu aos países participantes da operação militar na Líbia a encerrarem os ataques não seletivos. "Segundo as informações, nas incursões aéreas sobre a Líbia se realizaram ataques contra alvos não militares nas cidades de Trípoli, Tarhuna, Maamura e Jmeil", denunciou o porta-voz da Chancelaria russa, Aleksandr Lukashévich.
O porta-voz acrescentou que Moscou lamenta as vítimas civis e a destruição de um centro médico de cardiologia.
Lukashévich ressaltou que a Rússia considera inadmissível que se use a resolução 1973 do Conselho de Segurança para "alcançar objetivos que se distanciam claramente do marco de sua disposição, que contempla unicamente medidas para a proteção da população civil".
CONVITE
Apesar da oposição, o secretário de Defesa americano, Robert Gates, chamou nesta segunda-feira a Rússia a estudar a possibilidade de participar de coalizões internacionais.
"Chamo os senhores e suas autoridades a pensar de que maneira os soldados russos poderiam atuar nas coalizões internacionais", disse Gates, citado pelas agências russas, ao deixar São Petersburgo.
A visita de Gates à Rússia, que deveria ter começado na véspera, foi atrasada pelo início da operação internacional na Líbia. Ele deve se reunir nesta terça-feira em Moscou com o presidente da Rússia, Dmitri Medvedev, e o titular de Defesa russo, Anatoli Serdiukov.
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