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Embaixada do Brasil na Líbia tem contas bloqueadas
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MARCELO NINIO
ENVIADO ESPECIAL AO CAIRO
Após retirar parte de seus funcionários do país por motivo de segurança, a Embaixada do Brasil em Trípoli corre o risco de ficar sem recursos para sua manutenção.
As remessas para a representação brasileira, que têm origem no Banco do Brasil em Nova York, estão bloqueadas desde que entraram em vigor as sanções financeiras do governo dos EUA ao regime líbio.
No fim de fevereiro, as autoridades americanas decidiram congelar ativos líbios em bancos dos EUA, apertando o cerco ao governo do ditador Muammar Gaddafi.
Além de bloquear uma fortuna estimada em US$ 30 bilhões (R$ 48 bilhões), a medida também vetou transações de instituições financeiras dos EUA com a Líbia.
Sujeito às regras do mercado financeiro americano, o BB de Nova York acabou sofrendo uma espécie de efeito colateral da sanção, e os repasses para a embaixada brasileira foram suspensos.
"Fomos atingidos por fogo amigo", disse à Folha por telefone o embaixador do Brasil em Trípoli, George Ney de Souza Fernandes, único diplomata brasileiro que ainda permanece na Líbia.
Do BB em Nova York são feitas as transferências para pagamento de salários e despesas de todas as representações diplomáticas do Brasil espalhadas pelo mundo. Bloqueios semelhantes já tinham congelado operações do banco com outros países atingidos por sanções dos EUA, como Cuba e Irã.
No ano passado, exportadores brasileiros, principalmente de carnes, queixaram-se de dificuldades para obter crédito no BB quando o cliente era iraniano.
Segundo Fernandes, por enquanto a embaixada ainda tem recursos para suprir suas necessidades básicas, mas isso pode mudar se o bloqueio se prolongar.
O efeito colateral das sanções teve um impacto pessoal para o embaixador. Sua mulher foi obrigada a adiar o retorno a Trípoli, planejado para esta semana, porque o bloqueio impediu a transferência de dinheiro para o pagamento da viagem.
Fernandes contou que os bombardeios ocidentais da última semana impuseram um toque de recolher espontâneo na capital líbia.
"De dia as pessoas tentam levar uma vida normal, e a maior parte do comércio continua aberto. Mas à noite, quando os ataques acontecem quase com hora marcada, ninguém fica na rua."
Colaborou JULIANA ROCHA
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