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14/04/2011 - 12h34

Otan diz precisar de mais aviões para atacar forças de Gaddafi

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DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

O secretário-geral da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), Anders Fogh Rasmussen, afirmou nesta quinta-feira que os aliados precisam de mais "alguns poucos" aviões de combate para bombardear objetivos terrestres em sua operação contra as forças do regime de Muammar Gaddafi.

A Otan assumiu o comando da operação militar na Líbia, que visa a impor uma zona de restrição aérea e impedir os ataques das forças do ditador Muammar Gaddafi contra civis e os rebeldes oposicionistas. Quase um mês após seu início, em 19 de março, as forças da coalizão conseguiram impedir os voos dos aviões militares de Gaddafi, mas não contiveram sua ampla ofensiva terrestre, que força o recuo dos rebeldes no leste do país.

Recentemente, França e Reino Unido, repensáveis pela maior parte dos aviões empregados na ação, pediram maior comprometimento da Otan --que se defendeu dizendo que faz um "ótimo trabalho" com os recursos disponíveis.

Tobias Schwarz/Reuters
Americana Hillary Clinton conversa com sueco Carl Bildt, de costas para o britânico William Hague
Americana Hillary Clinton conversa com sueco Carl Bildt, de costas para o britânico William Hague

"No conjunto, a Otan tem os ativos necessários para desenvolver a missão na Líbia, mas necessita de alguns caças mais com capacidade para atacar com precisão as unidades de Gaddafi que se escondem em regiões povoadas evitando baixas civis", disse Rasmussen, em Berlim, onde ocorreu uma cúpula dos chanceleres dos países envolvidos na intervenção.

Rasmussen ressaltou, contudo, que o comandante supremo da Otan, almirante americano James Stavridis, está contente com as forças à sua disposição e precisa apenas de "algumas poucas" aeronaves de ataque de alta precisão.

O líder da Otan não deu mais detalhes, mas fontes ligadas à aliança atlântica disseram que as aeronaves não são os aviões antitanques A-10 ou as aeronaves militares AC-130. Nesta semana, o ministro de Defesa francês, Gerard Longuet, disse que apenas estas aeronaves, de posse exclusiva dos Estados Unidos, seriam capazes de romper o impasse militar no país.

Um oficial da Otan disse na quarta-feira, em condição de anonimato, que a Otan precisa de mais cerca de dez aeronaves para conduzir os ataques diários na Líbia. Ele listou Itália, Suécia, Espanha e Holanda como países que poderiam fazer mais para ajudar.

Também em Berlim, a secretária de Estado americano, Hillary Clinton, não indicou se Washington estaria preparado para retomar os ataques aéreos.

"Os Estados Unidos estão comprometidos com nossa missão compartilhada. Apoiaremos com determinação a coalizão até que o trabalho seja completado", disse Hillary, sem mais detalhes. Washington se retirou no início do mês da linha de frente da coalizão internacional.

Funcionários do governo americano rejeitaram, em anonimato, os pedidos da França e Reino Unido e disseram que, até então, os comandantes da Otan não pediram por mais recursos. "Se os comandantes sentiram que precisam de mais capacidade, eles vão pedir. Isso não é o que eles estão fazendo [...] não há uma demanda dos comandantes por mais", disse um deles, citado pela agência de notícias Reuters.

A Espanha também jogou água fria e disse que "continuará fornecendo" as mesmas capacidades militares à operação da Otan na Líbia.

A chefe da diplomacia espanhola, Trinidad Jiménez, disse que o governo espanhol "escolheu" desde o princípio limitar sua participação na Líbia à aplicação do embargo de armas e à zona de exclusão aérea, e estas são as "capacidades que continuará fornecendo no futuro".

"Isso é o que a Espanha aporta e o compromisso que a Espanha mantém, com capacidades determinadas e com uma intervenção determinada", insistiu a ministra.

CIVIS

Rasmussen se comprometeu ainda a fornecer "todos os recursos necessários" e manter seus ataques aéreos na Líbia enquanto o regime de Gaddafi continuar danificando e ameaçando à população.

Nesta quinta-feira, os rebeldes pediram ajuda da Otan para conter o que chamaram de massacre na cidade de Misrata, a terceira maior do país e sob controle dos rebeldes.

A rede de televisão catariana Al Jazeera diz que ao menos 23 morreram no ataque perpetrado pelas forças leais a Gaddafi. Um número indeterminado de pessoas ficaram feridas.

Odd Andersen/AFP
Rebelde líbio observa horizonte enquanto guarda posto rebelde na Líbia; Otan resiste à pressão por maior atuação
Rebelde líbio observa horizonte enquanto guarda posto rebelde na Líbia; Otan resiste à pressão por maior atuação

Um cidadão de Misrata, cidade cercada pelas forças governistas há quase dois meses, garantiu à emissora que todas as vítimas são civis e que, entre elas, estão cinco egípcios. A maioria das mortes ocorreu em um bairro próximo ao porto e a vítimas estariam em frente a uma padaria comprando pão quando uma bomba explodiu nas imediações.

A Al Jazeera mostrou imagens de uma concentração de dezenas de pessoas nesse bairro, denunciando o ataque e lançando slogans hostis ao ditador e ao seu regime.

Citando um porta-voz dos rebeldes, a rede catariana assinalou que paralelamente aos bombardeios, as forças fiéis ao regime de Trípoli tentaram uma incursão em Misrata a partir do oeste, mas os revolucionários conseguiram repeli-los e capturar dez deles.

O ataque começou ao amanhecer desta quinta-feira e os leais a Gaddafi utilizaram mísseis Grad e artilharia pesada.

Outro porta-voz dos rebeldes citado pela mesma rede de televisão advertiu nesta quinta-feira contra "um grande massacre" em Misrata se a Otan não fizer uma intervenção com força.

Terceira cidade em importância do país, o povoado se mantém assediado há dois meses pelas forças governamentais com bombardeios cotidianos utilizando mísseis e obuses de grande calibre.

No âmbito humanitário, a cidade, ainda sob o controle dos rebeldes, está prestes a ser palco de uma verdadeira catástrofe e segundo inúmeros testemunhos, a situação piora a cada dia já que as reservas alimentícias diminuem rapidamente e os cortes de água e de eletricidade estão na ordem do dia.

Espera-se que os esforços internacionais consigam abrir um corredor humanitário, mas as autoridades de Trípoli ameaçaram com "resistência violenta" se uma missão humanitária entrar em Misrata.

 

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