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Itália e França pedem à UE que revise tratado de livre circulação
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VAGUINALDO MARINHEIRO
DE LONDRES
Itália e França decidiram em conjunto pedir que a União Europeia rediscuta o tratado que permite a livre circulação de pessoas entre 25 países do continente.
Conhecido como Tratado de Schengen (cidade em Luxemburgo onde foi assinado), o acordo é um dos pilares da UE.
Começou a ser discutido em 1985 e entrou em vigor dez anos depois, abolindo na prática as fronteiras internas entre os países signatários _qualquer um viaja sem a necessidade de passaporte ou visto.
Agora, os dois países falam em retornar o controle fronteiriço em "circunstâncias excepcionais". A motivação é onda migratória de africanos que começou com a queda de governos ditatoriais no norte do continente.
"Não queremos negar o tratado de Schengen, mas estamos de acordo que deve ser modificado quando se apresentarem circunstâncias excepcionais", afirmou o primeiro-ministro italiano, Silvio Berlusconi, após reunião com o presidente francês, Nicolas Sarkozy.
O francês repetiu o raciocínio: "Queremos que Schengen continue vivo, mas para que continue vivo, deve ser reformado."
A reunião entre Sarkozy e Berlusconi aconteceu em Roma após troca de acusações entre membros dos governos dos dois países por causa da circulação de imigrantes tunisianos que desembarcaram na Itália após a queda do ditador Ben Ali, em janeiro.
Cerca de 25 mil fugiram para a ilha italiana de Lampedusa, que fica a 120 quilômetros da costa tunisiana.
Pelas regras da União Europeia, os imigrantes têm de ficar no país em que aportaram até que sejam devolvidos a seus locais de origem ou que seja concedido asilo ou visto.
O governo italiano alegou que não tinha como acolher tanta gente e que temia a vinda de 1,5 milhão para suas terras com a queda sucessiva de ditadores no continente vizinho.
Apelou por ajuda dos demais membros do bloco. Não obteve resposta e resolveu conceder documentos temporários de permanência, o que permite a imigrantes circular pelos países signatários de Schengen.
Foi uma gritaria, principalmente de França e Alemanha, destinos preferenciais dos tunisianos.
A França por causa da língua (a Tunísia foi colônia francesa e muito dos seus habitantes são bilíngues). A Alemanha por estar em expansão econômica e com baixo desemprego.
Na semana passada, a França bloqueou por meio dia o tráfego de trens com a Itália para impedir a entrada desses tunisianos recém-documentados.
Alegou "razões de ordem pública" e disse que eles só poderiam entrar se comprovarem ter condições financeiras de se sustentar.
ELEIÇÕES
O ataque ao acordo de Schengen é um agrado que Berlusconi e Sarkozy fazem aos partidos de direita e xenófobos de seus países.
O francês terá uma campanha para reeleição no ano que vem.
Hoje, vê à frente em algumas pesquisas Marine Le Pen, da Frente Nacional, partido que defende uma França para os franceses.
Berlusconi depende da Liga Norte (histórico partido anti-imigrantes) para sua frágil maioria no Parlamento.
Mudar um tratado da UE não é fácil. Dependendo da alteração, é necessária a ratificação interna em cada um dos países signatários.
Caso o controle de fronteiras volte, ele afetará os cerca de 400 milhões de habitantes dos 25 países e também turistas, como os brasileiros, que teriam que passar pela chateação do controle de passaportes quando viajassem por exemplo de trem entre Roma e Paris ou Berlim.
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