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Censo chinês revela aumento da desproporção entre homens e mulheres
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FABIANO MAISONNAVE
DE PEQUIM
Uma China mais urbana, mais velha e proporcionalmente com mais homens. Esse é o retrato do país mais populoso do mundo, segundo o censo oficial realizado no ano passado. Os números alimentam o debate sobre a reforma da controvertida Política do Filho Único, implantada há 30 anos.
Realizado no ano passado, o Censo 2010 mostra que a população chinesa cresceu 5,8% em dez anos, quase metade do índice registrado alcançado na década anterior.
O país mais populoso do planeta conta agora com cerca de 1,34 bilhão de habitantes, cifra que exclui Hong Kong e Macau, que têm sistemas políticos diferenciados, além de Taiwan, ilha considerada uma Província rebelde por Pequim.
Trata-se de uma população mais idosa: os chineses acima de 60 anos cresceram 3 pontos percentuais em dez anos, chegando a 13,26% da população.
Outro fenômeno é o da urbanização. Hoje, as cidades abrigam 49,68% dos chineses, crescimento de 13,46 pontos percentuais na última década. O percentual ratifica a projeção de que, em breve, a população urbana superará a rural pela primeira vez em 5.000 anos de história da China.
O último censo também viu a ampliação da desproporção entre homens e mulheres. Atualmente, há 100 mulheres para cada 118,06 homens, distância 1,2 ponto percentual maior com relação a 2000.
Segundo projeção do semanário "Caixin", o desequilíbrio significa que, em duas décadas, 15% dos homens jovens não terão com quem se casar.
A diminuição do crescimento populacional, o envelhecimento e a crescente diferença entre homens e mulheres têm sido parcialmente atribuídos à chamada Política do Filho Único, que atinge principalmente a população urbana (minorias, como os tibetanos, e áreas rurais estão isentas).
É prática comum casais que só podem ter um filho abortarem o feto após descobrir que é do sexo feminino, já que a cultura chinesa privilegia o sexo masculino. A prática aumenta a desproporção, além de expor a mulher a um aborto tardio, que traz mais riscos à saúde.
Em meio a um crescente movimento de demógrafos chineses em favor da flexibilização da política, o dirigente máximo do país, Hu Jintao, afirmou anteontem que a China "manterá e aperfeiçoará as políticas reprodutivas para estabilizar de forma responsável uma baixa taxa de natalidade".
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