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Análise: Prisão de Strauss-Kahn antecipa manobras para eleição na França
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JOÃO BATISTA NATALI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
O primeiro turno das presidenciais francesas está marcado para 22 de abril do ano que vem. Mas a prisão de Dominique Strauss-Kahn, em Nova York, antecipou e dinamizou o jogo para a sucessão de Nicolas Sarkozy. Pesquisas dão um cenário frágil, com pequena vantagem para a oposição socialista.
Strauss-Kahn teria sido um concorrente quase imbatível: um socialista que, como diretor-gerente do FMI (Fundo Monetário Internacional), atrairia os partidários de uma economia de mercado sem maiores entraves.
Mas seu suicídio político, ao tentar estuprar a camareira de hotel, não provocou uma erosão nas intenções dos votos leais ao Partido Socialista, que se mantém eleitoralmente viável, não tanto por méritos próprios, mas em razão da impopularidade de Nicolas Sarkozy.
Pesquisa publicada há uma semana pelo "Libération" dá a ele apenas 32% de Aprovação e 64% de rejeição, índice inédito entre os presidentes da Quinta República, instalada em 1958.
A imagem do presidente foi corroída pelo envelhecimento do estilo "deixa que eu chuto" e pela impressão de governante que beneficiou sobretudo os grandes detentores de capital.
Para içar a França da crise de 2008, cortou gastos de programas sociais (benefícios para pobres) e os impostos de empresas cotadas na Bolsa (benefício para os ricos).
Antes que Strauss-Kahn deixasse de forma patética a cena eleitoral, muitos acreditavam que o segundo turno de 2012 teria como finalistas um socialista e Marine Le Pen, da extrema direita. Agora ressurge Sarkozy, mesmo em desvantagem de no mínimo seis pontos diante de um adversário de esquerda, dizem duas últimas pesquisas.
O problema está então em saber quem será o candidato socialista. O partido tem suas primárias marcadas para 9 de outubro, e os filiados tendem a apoiar quem tem maior peso eleitoral, e não necessariamente o candidato com ideias mais ousadas.
Há seis pré-candidatos, mas só dois com chances reais. Pela ordem, François Hollande, 56, ex-secretário-geral do partido (1997-2008) e sua sucessora naquele cargo, Martine Aubry, 60.
O deputado Hollande é um homem desprovido de carisma. Foi por 28 anos companheiro de Ségolène Royal, com quem teve quatro filhos. Ségolène foi aquela socialista pouco convincente que Sarkozy derrotou nas presidenciais de 2007.
Hollande conhece bem a máquina partidária e suas diretrizes políticas (igualdade fiscal e generosidade previdenciária). Aubry, que é também prefeita de Lille, cidade industrial do norte da França, é mais doutrinária, uma espécie de sucessora distante do presidente François Mitterrand (1981-1995).
Quanto a Marine Le Pen, muito teoricamente ela até pode ser finalista no ano que vem. Mas seu partido, a Frente Nacional, cresce em adesões e também em temores. O pai dela, Jean-Marie Le Pen, chegou em 2002 ao segundo turno contra Jacques Chirac. E teve, pateticamente, menos de 20% dos votos.
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