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Escritora turca teme guinada autoritária
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MARCELO NINIO
DE JERUSALÉM
Embora o sucesso econômico e ampliação da influência regional do país tenham dominado a campanha para a eleição de domingo na Turquia, a antiga divisão entre islamistas e secularistas continua uma ferida aberta.
As pesquisas apontam para um triunfo quase certo do Partido Justiça e Desenvolvimento (AKP), que deverá conquistar o terceiro mandato consecutivo capitaneado pelo carismático premiê Recep Tayyip Erdogan.
Confiante na vitória, os islamistas do AKP apostam na popularidade do premiê para conquistar mais de dois terços do Parlamento, o que lhes daria carta branca para reformar a Constituição sem precisar de um referendo.
A possibilidade assusta secularistas como a escritora feminista Meltem Arikan, 43. Ela já teve um livro censurado pelo governo e vê na concentração de poder nas mãos de Erdogan um risco real de que a Turquia mergulhe no autoritarismo islâmico.
A seguir, trechos da entrevista de Arikan à Folha.
Folha - O temor de que a reforma da Constituição signifique restrições à democracia é justificado?
Meltem Arikan - Não está claro que tipo de mudanças o premiê Erdogan pretende. Em vez de falar sobre a nova Constituição, ele prefere passar mensagens religiosas à multidão. Recentemente, Erdogan foi a um programa de TV e disse que o sistema presidencial é seu desejo.
O que entendemos de suas palavras é que há uma preparação para a uma Constituição islâmica autoritária baseada no sistema presidencialista. Na Turquia, o simples conceito de democracia foi esvaziado e o número de pessoas preocupadas com a destruição dos direitos humanos mais básicos cresce a cada dia.
Os seculares estão perdendo espaço?
Desde que chegou ao poder, o AKP diz defender uma forma de democracia que se ajuste às normas da União Europeia. Um grande segmento da sociedade confiou que o AKP iria conduzir a Turquia para a UE. Mas ao longo do tempo as declarações do AKP sobre democracia se voltaram contra os seculares e favoreceram o movimento político islâmico. A preocupação é maior entre as mulheres. A polarização cresceu e se consolidou. Às vezes o governo instiga essa polarização. Hoje a Turquia está certamente dividida.
Por que a preocupação é maior entre as mulheres?
Desde que o AKP chegou ao poder, o número de mulheres assassinadas na Turquia aumentou 1.400%. Isso não quer dizer que o governo seja assassino de mulheres, mas geralmente Erdogan faz política à custa das mulheres, além de afirmar que homens e mulheres não são iguais. A atmosfera sociocultural criada pelo premiê e seu partido, que fortemente apoia a sociedade dominada pelo homem, trivializou as mulheres.
Segundo a Organização Mundial de Saúde, 20% das mulheres nos EUA sofrem violência doméstica, na Europa 40%. Na Turquia o índice chegou a 58% em 2010. Como mulher, sinto que minha existência na Turquia é ameaçada cada vez mais a cada dia.
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