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EUA admitem apenas "ampla faixa de contatos" no Afeganistão
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DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS
O governo americano não negou nem confirmou diretamente neste sábado a declaração do presidente do Afeganistão, Hamid Karzai, de que os Estados Unidos já estão negociando diretamente com o grupo islâmico radical Taleban no país.
Uma porta-voz do Departamento de Estado americano Megan Mattson admitiu apenas uma "ampla faixa de contatos" para apoiar os esforços de reconciliação no país.
"Apoiamos numerosas vezes o processo afegão de reconciliação. Atualmente, mantemos vários contatos em todo o Afeganistão, de vários níveis, para sustentar este esforço", disse, sem mais detalhes.
Outro porta-voz Mark Toner reiterou que os EUA "consistentemente apoiaram um processo de paz liderado pelo Afeganistão".
"Nos últimos dois anos, nós explicamos nossas condições para o Taleban: eles precisam renunciar à violência; eles precisam abandonar sua aliança com a Al Qaeda; e eles precisam seguir a Constituição do Afeganistão", disse Toner.
"Este é o preço para alcançar uma resolução política e encerrar as ações militares que têm como alvo sua liderança", disse.
NEGOCIAÇÃO
Mais cedo, o presidente do Afeganistão, Hamid Karzai, foi o primeiro dirigente de alto nível a confirmar oficialmente as conversações diretas entre Washington e os rebeldes afegãos, depois de um confronto de quase dez anos.
"As conversações se desenvolvem bem", declarou Karzai durante conferência em Cabul.
Os talebans foram afastados do poder no final de 2001 por uma coalizão militar internacional liderada pelos Estados Unidos, mas uma sangrenta rebelião ganhou terreno nos últimos anos.
As negociações de paz, segundo Karzai, estariam sendo realizadas por oficiais militares estrangeiros, principalmente americanos, mas ele não entrou em detalhes sobre a natureza dos diálogos.
O governo de Barack Obama já falou algumas vezes de negociar com a ala mais moderada do Taleban, em busca de uma solução para a guerra que se arrasta há dez anos --e cada vez mais parece não ter uma solução militar. As negociações, contudo, nunca foram confirmadas.
A chefe da diplomacia americana, Hillary Clinton, instou os talibãs, no começo do ano, a se afastarem da Al Qaeda, renunciando à violência e aceitando a Constituição, para que possam se reconciliar com a sociedade.
No início deste mês, o secretário de Defesa americano, Robert Gates, disse que diálogos políticos poderiam ser realizados com os talibãs até o fim do ano.
A revista americana "The New Yorker" já divulgara em fevereiro passado a existência dessas negociações. No final de maio, a revista alemã "Spiegel" chegou a afirmar que o diálogo direto começou no outono de 2010, e citou três sessões de negociações --a última rodada teria acontecido na Alemanha.
Especialistas alertam, contudo, que o diálogo é ainda "balbuciante" e cheio de obstáculos e não deve ser visto com muito otimismo.
Dirigentes ocidentais em Cabul insistem em afirmar que as tentativas de negociar com os talibãs estão em estágio inicial, embora haja um esforço para abrir um canal de comunicação com os líderes dos insurgentes.
Karzai estabeleceu ano passado um Alto Comissariado para a Paz, do qual participam personalidades afegãs, numa tentativa de estabelecer negociações com os talibãs, em troca da deposição de armas e da aceitação da Constituição.
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