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Presidente chileno amarga recorde de impopularidade
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LUCAS FERRAZ
DE BUENOS AIRES
Pressionado pelos crescentes protestos estudantis, o presidente do Chile, Sebastián Piñera, despencou nas pesquisas de opinião e se tornou o político mais impopular do país em 40 anos.
Ao contrário do pico de popularidade que chegou aos 63%, logo após o resgate, no ano passado, dos 33 mineiros soterrados por mais de dois meses, Piñera atualmente não tem o apoio nem de um terço dos chilenos.
Segundo pesquisa da consultoria Adimark, o mandatário é aprovado por apenas 31%. Até o ditador Augusto Pinochet, que liderou o sangrento regime militar por 17 anos, deixou o poder em 1990 mais bem avaliado.
O último chefe de governo com índices tão baixos foi o socialista Salvador Allende, que, em 1970, era aprovado por 33%.
Uma das principais causas do desgaste é a onda de protestos que sacode o país. Na quinta (14), pela terceira semana seguida, uma multidão de estudantes e professores ocupou as ruas de Santiago pedindo melhorias na educação, quase toda privatizada durante a ditadura de Pinochet. Para tentar conter a crise, o governo anunciou uma reforma de US$ 4 bilhões.
De novo, o protesto terminou em confronto. Estudantes entraram em choque com a polícia, desta vez com mais violência: 54 foram presos, e 32 policiais ficaram feridos, dois deles em estado grave.
Neste fim de semana, os estudantes se reuniriam para decidir o futuro das manifestações, que já abriram uma crise e afetam até a Prefeitura de Santiago. O governo reagiu com processos contra líderes do movimento.
Mas a pressão também vem de outros setores. Trabalhadores da estatal de cobre, a matéria-prima do país, ensaiam greve nacional ante a ameaça de privatização (o governo nega) e por melhorias nas condições de trabalho. Há, ainda, reivindicações ambientais, previdenciárias e do sistema de saúde.
Empresário multimilionário, Piñera assumiu o cargo em março de 2010, logo depois do terremoto que devastou parte do país. Ele é o primeiro mandatário de centro-direita no Chile após 20 anos de Concertación, coalizão de partidos de centro-esquerda, atualmente na oposição.
Procurado pela Folha, o Palácio La Moneda afirmou que os chilenos estão "mais conscientes de seus direitos", mais "exigentes e com foco em temas que antes consideravam acessórios". Ena von Baer, porta-voz do governo, admite a "pouca sintonia do presidente com os cidadãos", mas argumenta que a impopularidade é de todo o sistema político.
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