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Baltasar Garzón critica guerra ao narcotráfico no México
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DA ANSA, NA CIDADE DO MÉXICO
O juiz espanhol Baltasar Garzón, que ordenou a prisão do ex-ditador chileno Augusto Pinochet (1973-1990) em 1998, desaprovou hoje a participação do Exército mexicano na luta contra o narcotráfico do país.
Garzón afirmou, durante uma coletiva de imprensa, que os mexicanos não devem pagar o preço da violência na região, pois o Estado tem a obrigação de dar proteção e segurança a seus cidadãos.
Em sua opinião, para combater o crime organizado é necessária uma forte política capaz de confrontar essa ameaça, mas sempre dentro dos limites constitucionais e do Estado de Direito.
"É preciso fazer um desenho claramente estratégico, com uma convicção democrática absoluta, com limites claramente definidos. Os espaços sem direito não são aceitáveis ", sugeriu.
Segundo ele, o número de vítimas associadas ao crime organizado já alcançou taxas "inadmissíveis" e alguns crimes cometidos no país podem ser considerados de lesa-humanidade.
"Em alguns casos, claro que [as violações] integram esta categoria, mas dizer isso não significa que tenham que ir ao Corte [Internacional de Justiça] para que sejam investigados. Os crimes contra a humanidade têm que ser investigados em cada lugar onde aconteceram", concluiu.
Desde de 2006, quando o atual mandatário Felipe Calderón assumiu o governo no México, as Forças Armadas passaram a atuar no combate ao narcotráfico, iniciando uma guerra interna que gerou uma onda de violência no país.
Dados oficiais apontam que, nos últimos cinco anos, o número de homicídios quase triplicou no território mexicano, passando de cerca de 9.921 em 2005 para 24.374 em 2010. "Isso tem que parar", disse Garzón, a respeito das mortes.
O juiz espanhol é conhecido por ter ordenado a prisão domiciliar do ex-ditador Augusto Pinochet por causa do desaparecimento de cidadãos espanhóis no Chile. Entre outros casos, ele também atuou contra militares argentinos, acusados de terrorismo, genocídio e torturas durante a ditadura. Suas investigações levaram à condenação dos repressores Adolfo Scilingo e Miguel Cavallo.
A presidente da Argentina, Cristina Kirchner, disse em maio do ano passado que as ações do juiz espanhol contra as violações cometidas na América do Sul fizeram da Espanha um "farol" dos direitos humanos.
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