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Confrontos em Trípoli já mataram quase 1.700, diz porta-voz de Gaddafi
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DE SÃO PAULO
Atualizado às 20h50.
O porta-voz do regime do ditador Muammar Gaddafi, Moussa Ibrahim, disse neste domingo em entrevista coletiva exibida na TV estatal que 1.667 pessoas morreram feridas durante os confrontos na capital líbia, Trípoli, neste sábado e domingo.
Segundo ele, 376 pessoas morreram e outras 900 ficaram feridas neste sábado, enquanto outros 1.300 morreram e 5.000 ficaram feridas só neste domingo.
"A pacífica cidade de Trípoli se transformou em um inferno por causa do apoio da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) aos grupos terroristas. Os bombardeios da aliança permitiram o avanço dos rebeldes, e as mortes se produziram nesses ataques e nos combates", assinalou, e afirmou que a apuração de vítimas procede de fontes hospitalares.
"Os combates vão se intensificar, já que vamos lutar para defender Trípoli contra o colonizador e seus agentes. E o quadro vai piorar, portanto deixemos de lado as armas e vamos iniciar um diálogo", acrescentou.
"A situação é caótica, os hospitais não conseguem atender todos os feridos e o número de vítimas deve subir", afirmou o porta-voz.
Veja galeria de fotos dos conflitos na Líbia
"Nossa nação não pode lidar com esse desastre, é uma situação muito grave. As pessoas estão com medo da vingança dos rebeldes, caso eles vençam. Os dois lados estão aterrorizados com o outro lado. Vamos parar com as ações militares. A Otan precisa cessar os ataques, e nós pediremos que nossos homens parem também".
Filippo Monteforte/France Presse | ||
Rebelde líbio comemora invasão de Trípoli; relatos dão conta de mais de mil mortos |
"A paz precisa ser negociada. As pessoas estão lutando porque estão aterrorizadas, e não veem saída para a situação. Muitos mulheres e crianças estão morrendo. O mundo não poderá dizer que não viu essa situação. Nosso líder, [o ditador Muammar Gaddafi] deve nos guiar na negociação e em direção à democracia".
Pouco antes, em entrevista por telefone à rede de TV americana CNN, Ibrahim já havia dito que "os ataques da Otan a Trípoli teriam que cessar". "Nosso líder é Gaddafi, pedimos que a Otan suspenda os ataques. A Otan está atacando Trípoli, mas vamos resistir. Temos milhares de pessoas nos apoiando, a luta continuará, talvez por semanas", afirmou o porta-voz.
Questionado sobre o que acha de o regime estar isolado e "cercado por todos os lados", Ibrahim respondeu que o governo não pode ceder agora porque "haveria um massacre".
"As forças leais ao governo seriam massacrados pelos rebeldes, eles são violentos".
APELO
Gaddafi fez um apelo aos líbios neste domingo para que peguem em armas e esmaguem uma revolta em Trípoli, enquanto as tropas rebeldes fechavam o cerco à capital, para um ataque final ao seu reduto.
"Temo que, se não agirmos, eles [os insurgentes] vão queimar Trípoli", disse ele em uma mensagem em áudio transmitida pela TV estatal. "Não teremos mais água, comida, eletricidade ou liberdade."
Em sua segunda transmissão de áudio em 24 horas, Gaddafi chamou os rebeldes de ratos.
"Estou ordenando que abram os depósitos de armas", disse Gaddafi. "Conclamo todos os líbios a aderirem a essa luta. Aqueles que tiverem medo podem dar suas armas às suas mães ou irmãs."
"Vamos lá, estou com vocês até o fim. Estou em Trípoli. Vamos vencer."
Filippo Monteforte/France Presse |
Confronto de forças leais a gaddafi e rebeldes na cidade de Trípoli; veja mais fotos |
REBELDES AVANÇAM
Rebeldes líbios chegaram a Trípoli, sendo recebidos com celebrações em algumas regiões do oeste da cidade. Segundo a agência Reuters, os insurgentes estavam a apenas 8 quilômetros do centro da capital líbia na noite deste domingo.
Durante o avanço, os rebeldes assumiram o controle de um quartel pertencente à brigada de Khamis, uma unidade de segurança de elite, comandada por um dos filhos do ditador líbio, Muammar Gaddafi, Khamis.
Na capital, os rebeldes se confrontam com forças leais a Gaddafi, segundo a rede de TV Al Jazeera, que informa que regiões dos arredores da capital já "foram libertados".
Paralelamente, a Otan bombardeou o aeroporto de Maitika, ainda de acordo com a Al Jazeera.
Os confrontos de sábado à noite e domingo de manhã mataram 376 pessoas em ambos os lados e feriram cerca de 1.000, de acordo com uma autoridade do governo que pediu anonimato.
O tiroteio começou na noite de sábado em Trípoli, em uma revolta coordenada que as células rebeldes vinham preparando secretamente há meses. Momentos depois, clérigos muçulmanos, usando os alto-falantes das mesquitas chamaram o povo para as ruas.
QUEDA IMINENTE
A Casa Branca previu neste domingo que os dias de Gaddafi "estão contados", em um momento em que os rebeldes se confrontam com forças leais ao governo pelo controle da capital líbia, Trípoli.
A Otan disse que o regime do ditador "desmorona", enquanto os rebeldes travavam uma forte batalha para conquistar Trípoli, o último passo para a vitória contra o governo.
Um importante opositor líbio previu que a queda de Trípoli acontecerá esta noite pelas mãos dos rebeldes, que enfrentam duros combates com as forças leais ao líder líbio, Muammar Kadafi, na capital do país.
O representante do Conselho Nacional de Transição (CNT), o corpo político dos rebeldes, Aref Ali Neyad disse em entrevista coletiva em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, que a oposição espera "uma vitória esta noite".
Neyad afirmou que os rebeldes apresentaram uma solicitação oficial à Otan para usar os helicópteros tipo Apache nos confrontos com as forças de Kadafi, que controlam uma grande parte da capital líbia.
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