Chile decreta dois dias de luto por acidente aéreo

O presidente chileno, Sebastián Piñera, decretou neste domingo dois dias de luto nacional pelas 21 vítimas da queda de um avião militar na ilha Robinson Crusoé.

Piñera também advertiu que não pode garantir que a busca dos 17 corpos que ainda não foram encontrados seja 100% bem-sucedida.

"O governo decidiu decretar luto nacional durante segunda e terça-feira como uma maneira de expressar solidariedade com os familiares das vítimas e também a dor que surgiu em todo o nosso país", disse o presidente em uma mensagem neste domingo.

Piñera acrescentou que "estão trabalhando com a melhor tecnologia" para encontrar os corpos das vítimas, mas advertiu que "não podemos garantir que esta busca seja 100% bem-sucedida", pelas dificuldades do local onde o avião caiu e pela violência do impacto.

"Sabemos que o impacto foi muito violento e que a fuselagem do avião ficou espalhada em uma grande região", explicou.

BUSCAS

As equipes de buscas envolvidas no acidente do avião que caiu no mar no Chile acreditam que os corpos ainda não encontrados possam estar dentro da fuselagem da aeronave.

A informação foi dada pelo secretário-geral da Força Aérea do Chile, Maximiliano Larraechea, à imprensa chilena neste domingo.

"O fato de não encontrarmos mais corpos até agora nos faz pensar que os demais estão juntos, dentro da fuselagem", disse o secretário-geral.

Todas as 21 pessoas que estavam a bordo do avião militar que caiu no Oceano Pacífico na sexta-feira morreram, afirmou o governo chileno no sábado.

Até agora, quatro corpos foram encontrados, em um dos piores desastres do país nos últimos anos.

"Chegamos à conclusão de que o impacto foi tão forte que matou todas pessoas a bordo instantaneamente", afirmou o ministro da Defesa chileno, Andres Allamand.

Allamand informou neste domingo que as buscas estão sendo feitas no raio de 20 quilômetros, de Punta O' Higgins até a ilha Santa Clara. Mas ele admitiu que as operações dependem das condições do mar.

ACIDENTE

Felipe Gamboa/France Presse

O apresentador de TV chileno Felipe Camiroaga estava em avião que caiu no mar com 21 passageiros a bordo na sexta-feira

As autoridades chilenas iniciaram no sábado uma intensa operação por mar e por terra para localizar o avião que na tarde desta sexta-feira caiu no mar no arquipélago de Juan Fernández, a 670 quilômetros do litoral central do país, com 21 pessoas a bordo.

Na aeronave, um avião de transporte CASA C-212, viajavam o apresentador Felipe Camiroaga, o mais popular da TV chilena, e o empresário filantropo Felipe Cubillos, que apoiava a ONG "Desafío Levantemos Chile", criada para impulsionar os trabalhos de reconstrução após o terremoto de fevereiro de 2010.

Além deles, estavam na aeronave uma equipe da "Televisão Nacional do Chile", integrantes da ONG, funcionários do Conselho da Cultura e pessoal da Força Aérea do Chile.

A missão de resgate, formada por várias aeronaves e embarcações, é liderada pelo ministro da Defesa e o comandante da Força Aérea do Chile, o general Jorge Rojas.

A expedição partiu rumo ao arquipélago de Juan Fernández às 4h deste sábado para desenvolver um intenso trabalho de busca depois que o presidente chileno, Sebastián Piñera, anunciou que seriam realizadas investigações para esclarecer as circunstâncias do acidente.

A operação também está reforçada por moradores do arquipélago e alguns navios que se encontravam na região.

O ministro Allamand, que é cunhado de Felipe Cubillos, explicou que a Força Aérea perdeu contato por rádio com a aeronave às 17h48 desta sexta-feira.

Participam dos trabalhos de busca, que estão sendo dificultados pelas "condições meteorológicas adversas e a escuridão" da área, um avião Hércules C-130, as fragatas Condell e "Lynch" -- que transporta um helicóptero --, e outra aeronave CASA-295, dotada com dispositivos de prospecção.

MANOBRAS PARA O POUSO

Felipe Paredes, vereador de Juan Fernández e última pessoa que viu a aeronave, relatou à imprensa local que o avião efetuou duas manobras de aproximação à pista de aterrissagem, de pouco mais de 1 quilômetro de comprimento, e posteriormente desapareceu atrás de uma colina. Paredes acrescentou que, embora houvesse vento, dois aviões privados não encontraram dificuldades para aterrissar pouco antes.

Já o capitão da Marinha em Valparaíso, Otto Mrugalski, confirmou que uma porta do avião foi encontrada intacta cerca de dois quilômetros ao leste da pista de aterrissagem da ilha Robinson Crusoé, em uma zona onde a profundidade do Oceano Pacífico alcança 54 metros.

Pouco antes de a aeronave perder contato por rádio, Felipe Cubillos resumia em mensagem no Twitter o objetivo da missão: "Viajando agora a Juan Fernández com o apoio de nossa Força Aérea. Seguimos trabalhando para ajudar o povo da ilha".

Ao chegar às instalações da Força Aérea, de onde está sendo coordenada a operação de resgate, o presidente Sebastián Piñera declarou na noite desta sexta-feira que o acidente representa "um duro golpe para o país".

Apesar desta circunstância, Piñera mantém a reunião prevista para as próximas horas com os líderes do movimento estudantil que há três meses estão em queda de braço com as autoridades para exigir uma profunda reforma no sistema educacional.

Por outro lado, o desaparecimento do avião da Força Aérea motivou a suspensão do funeral do ex-presidente Salvador Allende, cujos restos mortais seriam enterrados neste domingo no cemitério geral de Santiago.